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Levantamento nacional mostra queda no consumo de álcool entre adultos e aumento entre adolescentes

By CISA 29 Setembro 2025

O 3º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), divulgado no dia 24/09/2025 pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), revela mudanças importantes nos padrões de consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Enquanto a proporção de adultos que bebem diminuiu em relação aos dados anteriores, o consumo entre adolescentes cresceu, especialmente entre as meninas.

 

O estudo ouviu 16.608 pessoas com 14 anos ou mais em todas as regiões do país. Os resultados apontam que, embora menos brasileiros estejam bebendo, entre aqueles que consomem álcool o padrão de uso abusivo continua elevado.

 

Queda entre adultos

 

Na população adulta, 63,6% já consumiram álcool alguma vez na vida, sendo 75,2% dos homens e 53% das mulheres. Do total, 44,2% relataram ter bebido no último ano e 31,6% no último mês. Em comparação com 2012, a proporção de brasileiros que bebem caiu de 47,7% para 42,5% em 2023, representando uma redução significativa na prevalência de bebedores adultos. A cerveja é a bebida mais consumida entre os adultos, concentrando 73,5% das preferências.

Entre os bebedores, a média de consumo é de 5,3 doses por ocasião, com 44,6% dos consumidores atingindo esse nível ao menos uma vez por semana. Entretanto, como a variação no padrão de consumo é grande, é importante observar a mediana, que foi de 3 doses, com mais da metade das pessoas consumindo até essa quantidade. 

 

Beber em binge 

 

Segundo relatório, beber em binge, caracterizado pelo consumo de 4 ou 5 doses em 2 horas, foi de 14,2% na população geral (19,8% entre homens e 9% entre mulheres). Já apenas entre os bebedores, a prevalência foi de 32,2%. Já a prevalência de pessoas que relataram ter praticado o consumo pesado episódico, caracterizado pela ingestão de 60 g ou mais de álcool puro (6 doses) em pelo menos uma única ocasião no último ano, foi de 34,7% na população geral, e maior entre homens (49,1%) do que entre mulheres (21,3%). Além disso, 60,3% dos bebedores apresentaram algum episódio de beber pesado episódico no último ano, 

 

A região com maior prevalência de consumo de risco (escore AUDIT igual ou superior a 8) foi a Centro-Oeste, com 16,3%, seguida pela região Nordeste (12,5%), Sudeste (11,6%), Norte (11,4%) e Sul (9%).

 

Consumo precoce e abusivo entre adolescentes

 

Entre adolescentes de 14 a 17 anos, mais da metade (56%) experimentou álcool antes da maioridade legal e cerca de um em cada quatro (25,5%) iniciou o consumo regular ainda nessa fase da vida. Cerca de 34,4% dos adolescentes que bebem relataram episódios de consumo excessivo (seis ou mais doses em uma única ocasião), o que representa 7,5% de todos os adolescentes do país.

 

A estimativa é de que 340 mil jovens apresentam critérios clínicos para Transtorno por Uso de Álcool (TUA), com proporções semelhantes entre meninos e meninas. No entanto, as meninas se destacam por apresentarem índices mais elevados em todas as formas de consumo, 29,5% já experimentaram álcool na vida (contra 25,8% dos meninos), 21,6% beberam no último ano (16,7% dos meninos) e 12,4% no último mês (8,5% dos meninos). Esse padrão sugere uma mudança de comportamento, com maior vulnerabilidade entre as adolescentes.

 

Alcoolismo

 

O levantamento também investigou aspectos relacionados ao alcoolismo. Entre os entrevistados, 22,3% relataram histórico de alcoolismo na família, enquanto 77,7% afirmaram não ter esse antecedente. Quando se trata de tentativas de redução ou interrupção do consumo, mais da metade dos bebedores (51,9%) e dos bebedores de risco (50,9%) nunca tentaram parar de beber. Além disso, a busca por tratamento é extremamente rara, 98,2% dos bebedores declararam nunca ter procurado ajuda profissional para interromper ou reduzir o consumo.

Os resultados do levantamento mostram que enquanto menos adultos estão bebendo, o consumo entre adolescentes, sobretudo meninas, cresce de forma preocupante e ocorre cada vez mais cedo. Além disso, muitos dos que já apresentam padrões de risco não tentam reduzir o consumo e nem buscam tratamento, o que revela uma baixa percepção do problema. Esses achados reforçam a importância de investir em prevenção, informação e cuidado acessível, para proteger especialmente os jovens e reduzir os impactos do álcool na vida das pessoas e da sociedade.

Additional Info

  • Referências:

    Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). (2025). Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III): Caderno Temático - Resultados Consumo de Álcool na População Brasileira. UNIFESP.

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