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Levantamento nacional mostra queda no consumo de álcool entre adultos e aumento entre as adolescentes

By CISA 29 Setembro 2025

 

O 3º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), divulgado no dia 24/09/2025 pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), revela mudanças importantes nos padrões de consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Enquanto a proporção de adultos que bebem diminuiu em relação aos dados anteriores, o consumo entre adolescentes cresceu, especialmente entre as meninas.

 

O estudo ouviu 16.608 pessoas com 14 anos ou mais em todas as regiões do país. Os resultados apontam que, embora menos brasileiros estejam bebendo, entre aqueles que consomem álcool o padrão de uso abusivo continua elevado.

 

Queda entre adultos

Na população adulta, 61,2% já consumiram álcool alguma vez na vida. Do total, 42,5% relataram ter bebido no último ano. Em comparação com 2012, a proporção de brasileiros que bebem caiu de 47,7% para 42,5% em 2023, representando uma redução significativa na prevalência de bebedores adultos. A cerveja é a bebida mais consumida entre os adultos, concentrando 73,5% das preferências.

Entre os bebedores, a média de consumo é de 5,3 doses por ocasião. Entretanto, como a variação no padrão de consumo é grande, é importante observar a mediana, que foi de 3 doses, com mais da metade das pessoas consumindo até essa quantidade.

Beber em binge

Segundo relatório, beber em binge, caracterizado pelo consumo de 4 ou 5 doses em 2 horas foi de 14,2% na população geral (19,8% entre homens e 9% entre mulheres). Já apenas entre os bebedores, a prevalência foi de 32,2%. Já a prevalência de pessoas que relataram ter praticado o consumo pesado episódico, caracterizado pela ingestão de 60 g ou mais de álcool puro (6 doses) em pelo menos uma única ocasião no último ano, foi de 34,7% na população geral, e maior entre homens (49,1%) do que entre mulheres (21,3%). Além disso, 60,3% dos bebedores apresentaram algum episódio de consumo pesado episódico (6 ou mais doses em uma ocasião) no último ano.

A região com maior prevalência de consumo de risco (escore AUDIT igual ou superior a 8) foi a Centro-Oeste, com 16,3%, seguida pela região Nordeste (12,5%), Sudeste (11,6%), Norte (11,4%) e Sul (9%).

 

Consumo precoce e abusivo entre adolescentes

Entre adolescentes de 14 a 17 anos, observou-se um declínio contínuo tanto no consumo de álcool na vida quanto no uso no último ano ao longo das três edições do LENAD, todavia, mais da metade da população brasileira (56%) experimentou álcool antes da maioridade legal e cerca de um em cada quarto (25,5%) iniciou o consumo regular ainda nessa fase da vida. 

Entre adolescentes, a proporção de jovens que relatavam beber 5 doses ou mais em uma ocasião regular (binge) caiu significativamente, passando de 44,0% em 2006 e 42,7% em 2012, para 23,7% em 2023. Todavia, o consumo pesado de álcool (60g ou mais em uma ocasião) aumentou entre os menores de idade, passando de 28,8% para 34,4% em 2023.  

 As meninas se destacam por apresentarem índices mais elevados em todas as formas de consumo 29,5% já experimentaram álcool na vida (contra 25,8% dos meninos), 21,6% beberam no último ano (16,8% dos meninos), 5,5% das meninas já beberam em binge (contra 3,5% dos meninos). Esse padrão sugere uma mudança de comportamento, com maior vulnerabilidade entre as meninas. Segundo o relatório, "entre 2006 e 2012, as meninas passaram a apresentar prevalências semelhantes às dos meninos e, em 2023, registraram valores significativamente mais elevados em relação aos adolescentes do sexo masculino. Esse resultado reforça a inversão do padrão observado nos adultos, nos quais o consumo permanece consistentemente maior no sexo masculino".

Além do aumento no consumo pesado, os dados também mostram aumento da porcentagem de adolescentes com Transtorno por Uso de Álcool (TUA), passando de 4,6% em 2012 para 5,7% em 2023. Isso significa que, embora menos adolescentes estejam consumindo álcool de forma geral, os que bebem estão consumindo de forma mais intensa. 

 

 

Os resultados do levantamento mostram que enquanto menos adultos estão bebendo, o consumo entre as meninas adolescentes aumentou de forma preocupante. Além disso, muitos dos que já apresentam padrões de risco não tentam reduzir o consumo e nem buscam tratamento, o que revela uma baixa percepção do problema. Esses achados reforçam a importância de investir em prevenção, informação e cuidado acessível, para proteger especialmente os jovens e reduzir os impactos do álcool na vida das pessoas e da sociedade.

 

Additional Info

  • Referências:

    Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). (2025). Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III): Caderno Temático - Resultados Consumo de Álcool na População Brasileira. UNIFESP.

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