O padrão de consumo de bebidas alcoólicas de uma pessoa é um dos principais fatores que influenciam o risco de problemas relacionados ao álcool. A quantidade, a velocidade e a frequência que uma pessoa bebe influencia diretamente a concentração de álcool na corrente sanguínea e, com o passar do tempo, esses fatores aumentam não apenas os riscos agudos, mas também os problemas crônicos de saúde, como doenças hepáticas e transtorno por uso de álcool, por exemplo, além de danos sociais, como problemas de relacionamentos interpessoais1.
Embora não exista uma quantidade segura de álcool para qualquer pessoa, é importante trazer informações sobre como “minimizar os danos” causados pelo consumo de bebidas alcoólicas. Nesse sentido, a melhor forma de responder à pergunta “quanto é demais?” sobre a quantidade de álcool que pode ser ingerida é: “quanto menos, melhor”.
A definição exata do número de doses necessárias para atingir a embriaguez é variável, pois o álcool é uma substância que manifesta sua ação no organismo não somente de acordo com a quantidade ingerida, mas também conforme o sexo biológico, massa corpórea e metabolismo de quem bebe2.
E, apesar dessa variabilidade em se atingir a embriaguez, existem recomendações acerca de padrões e doses de consumo que são prejudiciais à saúde, e que extrapolam os limites do consumo moderado. Em especial, existe o “Beber Pesado Episódico” (BPE), que é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o consumo de 60g ou mais de álcool puro, que se refere a cerca de 4 doses ou mais para mulheres e 5 doses ou mais para homens em pelo menos uma ocasião, no último mês.
A tabela a seguir traz uma correlação estimada entre concentração de álcool no sangue (CAS), número de doses consumidas e efeitos no organismo, considerando variáveis individuais (vulnerabilidade genética, peso, altura, metabolismo e sexo).
Tabela 1: Correlação aproximada entre CAS, número de doses e efeitos do álcool no organismo, estimada para um homem de 70 kg (adaptado de CISA - Consumo de álcool e alcoolemia)
CAS (g/L)1 |
Número de doses2 |
Efeitos do organismo |
0,2 a 0,3 |
01 |
Funções mentais começam a ser afetadas |
0,3 a 0,5 |
02 |
Relaxamento, sensação de satisfação |
0,5 a 0,8 |
03 a 04 |
Sensação de autoconfiança aumenta, euforia, desinibição, reflexos mais lentos |
0,8 a 1,5 |
04 a 10 |
Falha de coordenação motora |
1,5 a 2,0 |
Visão dupla, desconexão da realidade |
|
2,0 a 5,0 |
Varia3 |
Dificuldade de se manter em pé |
> 5,0 |
Coma |
(1) CAS aproximada, pois varia de acordo com características individuais, como vulnerabilidade genética, sexo, peso, altura e metabolismo
(2) 1 dose de bebida corresponde a 14g de álcool puro
(3) A partir dessa CAS a quantidade de álcool consumida é alta e varia muito de acordo com o metabolismo do indivíduo
Como mencionado anteriormente, tanto para homens quanto para mulheres, o risco de danos relacionados ao álcool depende de uma combinação de quanto, quão rápido e com que frequência eles bebem1:
- Muito, muito rápido: se uma mulher ingere 4 ou mais doses ou um homem ingere 5 ou mais em cerca de 2 horas, isso pode elevar a concentração de álcool no sangue para 0,08%, correspondendo a definição de consumo excessivo de álcool. E esse comportamento está relacionado a maior risco de prejuízos imediatos, como amnésia alcoólica, quedas, envolvimento em brigas, acidentes de trânsito, sexo desprotegido e intoxicação alcoólica.
- Em excesso, com muita frequência: o consumo excessivo e frequente de álcool aumenta o risco dos danos imediatos, como quedas e interações medicamentosas, e de consequências crônicas, como aumento do risco para desenvolver transtornos por uso de álcool além do impacto negativo do álcool em diversos órgãos e sistemas, especialmente o trato gastrointestinal, fígado, pâncreas, sistema nervoso e sistema cardiovascular.