O córtex cerebral é a camada externa do cérebro, responsável por muitas funções importantes como pensamento, memória, tomada de decisões e outras. A espessura do córtex se refere à grossura dessa camada. Em termos simples, a espessura do córtex pode indicar a quantidade e a densidade das células cerebrais nesta região. Uma maior espessura cortical pode estar associada a uma melhor saúde cerebral e maior capacidade cognitiva, enquanto uma espessura reduzida pode ser sinal de algumas condições e doenças. Essa espessura pode variar de pessoa para pessoa e pode mudar em resposta a certos comportamentos, doenças neuropsiquiátricas e uso de substâncias como o consumo de álcool ou a abstinência dele.1,2
Uma série de fatores pode influenciar a maneira e a intensidade em que o álcool afeta o cérebro e a espessura cortical, como por exemplo, a quantidade e frequência de consumo de álcool, idade de início e o tempo de consumo, idade do indivíduo, nível de educação, sexo, aspectos genéticos, histórico familiar de alcoolismo, risco existente de exposição pré-natal ao álcool e condições gerais de saúde do individuo. Para saber mais, acesse nosso texto Efeitos danosos do álcool no cérebro.
São poucos os estudos que investigaram as mudanças na espessura cortical com a abstinência em casos de indivíduos com transtorno por uso de álcool (TUA), avaliados a maioria em período menor do que 1 mês. No entanto, a extensão da recuperação da espessura cortical regional a longo prazo, superior a 6 meses, é desconhecida e necessária para determinar se há uma mudança linear.
Um estudo recente avaliou 88 participantes, 70 homens e idade média de 51 anos anos, que buscaram tratamento para alcoolismo e abuso de álcool ao longo de aproximadamente 7,3 meses de abstinência de álcool e outras substâncias ilícitas e comparou com um grupo controle para avaliar a espessura cerebral. A mudança na espessura do córtex foi maior de 1 semana a 1 mês de abstinência do que de 1 a 7,3 meses em todas as regiões do cérebro estudadas. Outro achado se refere aos pacientes com condições aterogênicas, ou seja, pessoas com taxas de gordura alterada no sangue, e em pacientes que fumavam ativamente, no qual ambas condições mostraram menos recuperação da espessura cortical do que em pacientes sem essas condições.2
O impacto do álcool no cérebro é um tema complexo e multifacetado. O consumo excessivo e frequente de álcool pode levar a alterações significativas na estrutura e função cerebral, incluindo a diminuição da espessura cortical, que está intimamente ligada a várias funções cognitivas essenciais. No entanto, a ciência tem nos mostrado que o cérebro possui uma capacidade notável de recuperação e adaptação com a abstinência de álcool.