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Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz1, realizada em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas, buscou verificar de que modo a pandemia afetou a vida dos brasileiros, descrevendo as mudanças nas atividades de trabalho e na obtenção de renda, na adoção de comportamentos saudáveis e no estado de ânimo da população no período de isolamento social.
A pesquisa foi realizada via web, por meio de um questionário respondido por 44.062 indivíduos, no período de 24 de abril a 8 de maio de 2020. A amostra foi calibrada por meio de dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD, 2019) para obter a mesma distribuição por Unidade da Federação, sexo, faixa etária, raça/cor, e grau de escolaridade da população brasileira.
Os resultados mostraram que os impactos econômicos da pandemia foram consideráveis, assim como as mudanças no estado de ânimo, ambos aspectos que podem influenciar o consumo de álcool. Destaca-se que 55% das pessoas relataram diminuição da renda familiar, com maiores perdas entre as mais economicamente desfavorecidas. Além disso, 40% da população se sentiu triste/deprimida e 54% se sentiu ansiosa/nervosa frequentemente (muitas vezes ou sempre). Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais subiram para 54% e 70% respectivamente.
Segundo a pesquisa, o aumento do estado depressivo pode estar relacionado ao aumento do consumo de álcool relatado durante a pandemia: 17,6% dos entrevistados (18,1% entre homens e 17,1% entre mulheres) afirmou estar ingerindo mais bebidas alcoólicas nesse período. O maior aumento (24,6%) foi registrado na faixa etária de 30 a 39 anos de idade, e o menor entre idosos (11,2%). Quanto à motivação para beber mais, quanto maior a frequência dos sentimentos de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas alcoólicas, atingindo 24% das pessoas que têm se sentido dessa forma durante a pandemia. Alguns outros estudos já alertaram sobre a possibilidade de aumento nos níveis de consumo de álcool em razão da angústia e do estresse provocados pela pandemia2,3, o que foi corroborado pela pesquisa da Fiocruz.
Diante desse cenário, é importante lembrar que o álcool não ajuda a diminuir o estresse, nem deve ser usado como um “remédio”, pois seu consumo em excesso aumenta os sintomas de pânico e transtornos de ansiedade, depressão e risco de violência doméstica. Em vez de beber para lidar com a tensão, a OMS recomenda a prática de exercícios físicos dentro de casa durante o período de isolamento social4. A atividade física fortalece o sistema imunológico e, em geral, é uma maneira altamente benéfica de passar o período de quarentena.
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COVID-19: a rotina do confinamento tem influenciado seu consumo de álcool?
Álcool e COVID-19: o que você precisa saber, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)