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CLT vs. Freelance: como o tipo de emprego pode impactar o seu consumo de álcool?

13 Agosto 2024

Condição precária do ambiente de trabalho é um determinante social da saúde; pesquisas mostram que estar empregado de forma instável no início da fase adulta está associado a um risco aumentado de problemas de saúde mental e maior consumo de álcool.1

 

O aumento das formas de trabalho fora do “padrão” reduziu as fronteiras entre estar empregado e desempregado. Empregos sem contrato de carteira assinada tendem a ser menos seguros e muitas vezes vêm com menos benefícios em comparação com formas de trabalho mais tradicionais, como o contrato trabalhista efetivo, mais conhecido como CLT. As desvantagens podem incluir falta de segurança contratual (por exemplo, emprego temporário), baixo salários, dificuldades econômicas e proteção social limitada, além de direitos reduzidos no local de trabalho.1

A fase “adulta emergente” é uma etapa particular da vida que descreve a transição de um jovem para o mercado de trabalho, que pode ser considerada um período difícil e delicado.2 Jovens adultos, com idades entre 15 e 29 anos, que estão ingressando no mercado de trabalho após a conclusão dos estudos enfrentam uma vulnerabilidade particular, pois carecem de experiência profissional, oportunidades de emprego e proteção social em situações de desemprego. Além disso, existem indícios de que a dificuldade em se firmar no mercado de trabalho pode resultar em efeitos negativos para a saúde a longo prazo.3

Um estudo sueco  buscou analisar se o emprego como freelancer (trabalhador autônomo) ou em trabalhos sem contrato formal durante a fase adulta jovem está relacionado a um aumento do risco de desenvolvimento de problemas de saúde associados ao consumo de álcool a longo prazo, como doença hepática relacionada ao álcool, transtorno por uso de álcool e intoxicação. Para realizar essa análise, foram utilizados dados de registros nacionais na Suécia, acompanhando uma extensa população de jovens adultos ao longo de 28 anos. Os resultados desse estudo sugerem que estar empregado de maneira freelance ou sem carteira assinada na fase “adulta emergente” está associado a um aumento do risco de morbidade relacionada ao álcool mais tarde na vida, especialmente entre os homens jovens, mas também entre as mulheres jovens.4 Os motivos relacionados ao aumento desse risco podem ser relacionados a usar o álcool como uma estratégia de enfrentamento para o estresse. E o hábito pode não mudar quando esses indivíduos passam para empregos mais estáveis e com mais benefícios. 

É importante destacar que, em um contexto em que a flexibilização das formas de emprego se torna cada vez mais comum, compreender as implicações do tipo de trabalho sobre a saúde dos jovens é crucial. As evidências sugerem que, além dos efeitos econômicos, essa forma de trabalho pode ter consequências significativas para a saúde mental e física. Dessa forma, é essencial que políticas públicas e intervenções sejam direcionadas não apenas para melhorar as condições de trabalho, mas também para oferecer suporte adequado a esses jovens, prevenindo futuros problemas de saúde relacionados ao álcool.


 

Additional Info

  • Referências:
    1. Benach J, Vives A, Amable M, et al. Precarious employment: understanding an emerging social determinant of health. Annu Rev Public Health 2014;35:229–53. 
    2. Thern E, Matilla-Santander N, Hernando-Rodriguez JC, et al. Precarious employment in early adulthood and later mental health problems: a register-linked cohort study. J Epidemiol Community Health 2023;77:755–61.
    3. Gray BJ, Grey C, Hookway A, et al. Differences in the impact of precarious employment on health across population subgroups: a scoping review. Perspect Public Health  2021;141:37–49.
    4. Thern, E., Elling, D. L., Badarin, K., Hernando Rodríguez, J. C., & Bodin, T. (2024). Precarious employment in young adulthood and later alcohol-related morbidity: a register-based cohort study. Occupational and environmental medicine81(4), 201–208.

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