O consumo de álcool, mesmo em quantidades reduzidas, tem sido vinculado a um risco aumentado de câncer colorretal (CCR). A relação entre a ingestão de álcool e o risco de CCR depende da dose consumida. O risco de CCR é especialmente evidente em situações de consumo pesado de álcool, embora as evidências sobre o risco associado ao consumo leve a moderado sejam variadas.2
Diversos mecanismos ligam o consumo de álcool ao desenvolvimento de cânceres no geral, sendo a genotoxicidade um dos fatores mais compreendidos cientificamente. Nesse processo, o acetaldeído, um subproduto do metabolismo do álcool, causa danos ao DNA, como quebras e alterações em sua estrutura. Essas mudanças podem resultar em erros durante a replicação do DNA, levando a mutações. Ao longo do tempo, o acúmulo dessas mutações pode culminar no desenvolvimento de câncer.3
Além do consumo de álcool em si, outros fatores relacionados ao álcool podem influenciar o risco de câncer colorretal (CCR). O histórico familiar da doença é um desses fatores, com o risco de CCR sendo significativamente maior em indivíduos com antecedentes familiares de câncer.4 O sexo também parece ter um impacto, sendo que os homens tendem a ter um risco mais elevado de desenvolver CCR associado ao consumo de álcool em comparação com as mulheres.2 O índice de massa corporal (IMC) e o peso corporal podem também interagir com o álcool, aumentando o risco de CCR, especialmente em indivíduos obesos.5 Embora o tabagismo seja um fator de risco estabelecido para o CCR, não há evidências conclusivas de que ele modifique o risco de CCR induzido pelo álcool.6
Diante das evidências, é fundamental que haja uma maior conscientização sobre os riscos do consumo de álcool em relação ao câncer colorretal. Embora existam vários fatores que podem influenciar esse risco, o consumo de álcool por si só é um importante fator de risco modificável. Estratégias de prevenção, incluindo a moderação do consumo de álcool e a adoção de hábitos de vida saudáveis, são essenciais para reduzir a incidência de CCR. Também é necessário continuar avançando nas pesquisas para entendermos melhor os mecanismos pelos quais o álcool contribui para o desenvolvimento do CCR.