No dia 30 de agosto, o CISA lançou a 6a edição da publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024, e, como principal destaque, trouxe um capítulo especial sobre os impactos do uso nocivo de álcool na população branca e negra no Brasil.
De acordo com o levantamento, a população negra – pretos e pardos – é a mais impactada pelas mortes totalmente atribuíveis ao uso de álcool no país. Os dados apontam que, em 2022, esta população apresentou 10,4 mortes por 100 mil habitantes, enquanto que a taxa para pessoas brancas foi de 7,9, ou seja, 30% superior. E no que diz respeito às mulheres, a diferença é mais significativa: entre mulheres brancas a taxa de óbitos é consideravelmente menor (1,4 óbitos) em comparação com mulheres pretas e pardas (2,2 e 3,2 óbitos, respectivamente).
Segundo a coordenadora do CISA, a socióloga Mariana Thibes, uma das explicações para este resultado é a desigualdade racial histórica no país, especialmente pelo acesso desigual a tratamentos de saúde. Além disso, estudos apontam que a discriminação racial é um potencial estressor, que propicia o surgimento de problemas físicos e emocionais, além de comportamentos de risco associados ao consumo de álcool. No entanto, é importante ressaltar que estes dados não mostram um maior consumo de álcool pela população negra, mas sim que, ao se depararem com este problema, as chances de acesso a tratamentos de saúde de qualidade são menores.
Outros destaques desta edição:
Internações e Óbitos
Em 2023, as internações totalmente atribuíveis ao álcool (27 internações/100 mil habitantes) foram cerca de metade das observadas em 2010 (57 internações/100 mil habitantes). No entanto, apesar desta diminuição, a prevalência de óbitos entre pessoas internadas em razão do uso de álcool cresceu de 3% para 6%, comparando 2010 e 2023, o que pode estar associado ao aumento do número de internações de pessoas em quadros graves.
A maioria das internações foram de pessoas do sexo masculino, na faixa etária de 35-54 anos. E, com relação à faixa etária de 55 anos e mais, houve um aumento: 22% em 2010; 35% em 2023.
As principais causas de internações atribuíveis ao álcool em 2023 foram a dependência de álcool e a doença alcoólica do fígado que, em conjunto, compõem mais da metade das internações desse ano.
De 2010 a 2019, os óbitos atribuíveis ao álcool vinham reduzindo. O ano de 2019 apresentou a menor taxa de mortes em todo o período analisado. Porém, essa tendência é interrompida pela pandemia. A partir de 2020, é possível observar que as mortes passam a aumentar até o ano de 2022. Além disso, os anos de pandemia tiveram as maiores taxas de óbitos por alcoolismo e doença alcoólica do fígado.
Você pode ter acesso a estes e outros dados com mais detalhes na 6a edição da publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024, disponível em nosso site.