O efeito do consumo de álcool sobre o aumento da pressão arterial (PA) é conhecido desde a década de 60. Sabe-se que com uma ingestão diária de mais de 30g de etanol, a PA começa a subir em homens e mulheres. O estudo Kaiser Permanente demonstrou que indivíduos que consomem de 6 a 8 doses de álcool por dia têm um aumento da PA considerável (este aumento é de 9,1 mm de Hg na pressão sistólica e 5,6 mm de Hg na pressão diastólica quando comparados aos abstêmios). Como o abuso de bebida alcoólica é um problema comum, ele pode ser considerado como causa importante de elevação da PA. Metade dos etilistas têm medidas de PA ao redor de 160/90 mm de Hg. Tais valores normalizam-se nos períodos de abstinência. Por tal motivo, acredita-se que o efeito do álcool sobre a PA seja rapidamente reversível.
Objetivando comprovar que o efeito do álcool sobre a PA pode ser rapidamente reversível, pesquisadores realizaram estudo tratando do malefício do "beber compulsivo" sobre a PA. Para tal, estudaram 20 homens saudáveis em distintas circunstâncias de ingestão alcoólica. Os dados da pesquisa foram coletados em uma noite em que os homens beberam de forma moderada e em outra noite, na semana anterior, em que a PA foi medida em três períodos diferentes: o primeiro relativo às seis horas de intoxicação alcoólica, o segundo nas seis horas com queda de álcool no sangue e o outro correspondente às seis horas seguintes (período da "ressaca").
Durante o período de intoxicação, as médias da pressão sistólica e diastólica estiveram 5 mm de Hg mais elevadas e a frequência cardíaca esteve 18 batimentos por minuto mais rápida quando comparadas ao período de sobriedade. No período em que os níveis de álcool no sangue estavam diminuindo a média da pressão sistólica esteve 4 mm de Hg mais baixa enquanto a média da pressão diastólica esteve 5 mm de Hg mais elevada e a frequência cardíaca esteve 15 batimentos por minuto mais rápida quando comparadas ao período de sobriedade. Na fase de "ressaca" não houve diferenças significativas quanto aos parâmetros avaliados.
Os pesquisadores concluíram que o álcool altera a pressão arterial e que este efeito é rapidamente reversível. Tais variações bruscas podem aumentar o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC) nos adultos jovens, especialmente nos finais de semana e feriados.