A dependência de álcool é um transtorno bastante grave, e atinge uma pequena parcela da população que bebe. Contudo, a trajetória que leva uma pessoa de “consumidora ocasional” para dependente de álcool é pouco conhecida pela população; esse desconhecimento é preocupante, como apontam alguns pesquisadores, e melhores campanhas que chamem a atenção para os padrões nocivos de consumo de álcool merecem ser consideradas.
Nesse sentido, pesquisadores que são referência na área de álcool e drogas propuseram, a exemplo do sucesso obtido na área de prevenção do diabetes a partir do surgimento do conceito de “pré-diabetes”, a criação do conceito de pré-dependência (do inglês “preaddiction”). O conceito de pré-diabetes, que define a condição em que o açúcar no sangue está elevado, mas não o suficiente para ser classificado como diabetes tipo 2, ajudou a divulgar os perigos da doença e aumentar a cobertura de tratamento para pacientes em seus estágios iniciais. Do mesmo modo, a definição do estágio de pré-dependência poderia ser útil para prevenir o desenvolvimento da dependência de álcool (1).
Não se trata, portanto, de uma nova categoria diagnóstica, mas sim de uma forma de conscientizar a população e buscar aumentar a quantidade de pessoas que revisem padrões de consumo nocivos para a saúde. Em suma, seria uma nova estratégia de prevenção.
Os pesquisadores concluem afirmando que a viabilidade do termo “pré-dependência” é calcada em três pilares de intervenção: prática clínica, divulgação ao público geral e criação de políticas públicas que potencializem os itens anteriores.