No mês de atenção para a saúde mental, conhecido como Janeiro Branco, o CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, referência no tema, alerta para a perigosa associação entre álcool e problemas emocionais.
A atenção deve ser redobrada especialmente em tempos de COVID-19, quando brasileiros têm relatado um aumento no consumo de álcool associado à frequência de se sentir triste ou ansioso, segundo pesquisas da Fiocruz e da Organização Pan-Americana da Saúde. Outro agravante é que a pandemia tem provocado o desencadeamento de transtornos mentais ou agravamento dos existentes.
“Beber para lidar com as emoções ou com a expectativa de aliviar ou reduzir a ansiedade ou a depressão é uma escolha perigosa. Bebida não é remédio e seu consumo a partir dessa motivação é um sinal de alerta”, ressalta o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do CISA. Ele adverte que esse comportamento está associado a uma maior possibilidade de problemas atuais e futuros com o álcool.
Além dos problemas de saúde mental serem agravados com o uso abusivo de álcool, existe o risco de ocorrer uma mudança no padrão de consumo. “Para ter os mesmos efeitos de relaxamento, a pessoa passa a beber cada vez mais, aumentando as chances de desenvolver, inclusive, a dependência”, explica.
Outro dado preocupante é a ocorrência simultânea de transtornos relacionados ao uso de álcool e ansiedade. Estimativas indicam que ela varia de 20% a 40% entre países. Isso quer dizer que, no mínimo, um em cada cinco pacientes com transtorno de ansiedade faz consumo nocivo de álcool. E o contrário também acontece.
Por isso, ao reconhecer que aumentou seu consumo de bebidas ou se o motivo para beber está associado ao enfrentamento de problemas e sentimentos negativos, procure um médico ou psicólogo de confiança. É possível lançar mão de medidas mais saudáveis para enfrentar os momentos difíceis, como conversar com a família e ocupar o tempo com atividades esportivas ou de lazer e livres de álcool.