A ressaca é uma combinação de sintomas mentais e físicos que podem ser experimentados após um episódio de consumo de álcool, começando quando a concentração de álcool no sangue (CAS) se aproxima de zero. A causa desses sintomas é atribuída, principalmente, ao acetaldeído, principal produto da metabolização do álcool.1
Terapia existentes, principalmente baseadas em enzimas endógenas, oferecem apenas alívio temporário dos sintomas da ressaca, como náuseas e dores de cabeças, mas falham em abordar outros problemas, como sonolência e exaustão.2 Nanocomplexos com várias enzimas hepáticas surgiram como uma abordagem eficaz para acelerar o metabolismo do álcool no corpo humano.3 Embora promissores, um grande desafio é que as enzimas disponíveis comercialmente não são suficientemente ativas, o que leva ao acúmulo de um subproduto mais perigoso, o acetaldeído, e pode causar danos aos órgãos. Além disso, as enzimas naturais têm desvantagens significativas, como alto custo, baixa estabilidade físico-química e dificuldades de armazenamento, o que até agora tem dificultado o uso prático desses complexos para desintoxicação do álcool.4
Um estudo recente avaliou uma substância de nanoenzima biomimética projetada para aliviar os efeitos nocivos do álcool quando administrada oralmente. Essa nanoenzima demonstra uma capacidade de catalisar a oxidação do álcool em ácido acético, ao invés do mais tóxico acetaldeído. Quando administrada a camundongos intoxicados pelo álcool, a nanoenzima gelatinosa reduziu significativamente os níveis de álcool no sangue, sem causar acúmulo adicional de acetaldeído. O hidrogel também demonstrou um efeito protetor sobre o fígado e reduziu os danos intestinais e a disbiose (desequilíbrio na composição da microbiota intestinal) associados ao consumo crônico de álcool.
Este estudo oferece oportunidades promissoras para o desenvolvimento de antídotos eficazes e direcionados para o álcool, com potenciais benefícios para a proteção do fígado e saúde gastrointestinal, o que pode ser favorável para a prevenção da ressaca. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses achados em humanos e para desenvolver novas terapias que possam ser usadas de forma prática e acessível. A continuidade das investigações na área é crucial para avançar na compreensão e no tratamento dos efeitos adversos do consumo de álcool, proporcionando melhores soluções de saúde pública.
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