A Intervenção Breve (IB) é uma abordagem terapêutica muito utilizada para o tratamento do uso nocivo de álcool. Embora possa ser também aplicada a outros transtornos, ela constitui um conjunto de “práticas que visam identificar um problema, real ou potencial, relacionado ao uso do álcool, e motivar a pessoa a fazer algo a respeito”1. Tais práticas podem assumir diferentes aspectos, mas são comumente acompanhadas da observação sobre o consumo de álcool e constituídas de conversas que evitem a confrontação e busquem a mudança de comportamento2, motivando a pessoa a reconhecer que existe um problema e a buscar ajuda especializada. A intervenção breve pode ser aplicada por qualquer profissional da saúde capacitado, como um médico ou psicólogo1,2. O qualitativo de “breve” se deve à sua duração, que costuma ser de uma a algumas poucas sessões de conversa, sem nenhuma prescrição de tempo necessária. A principal base teórica para a intervenção breve é a “Entrevista Motivacional” (EM)3,4. Sendo uma abordagem que visa promover mudança comportamental, tem como princípios a demonstração de empatia com o problema relacionado ao álcool, salientando a discrepância existente entre a condição atual e a desejada pela própria pessoa, e sempre promovendo a autoeficácia do paciente, isto é, (tal como discutido em nosso texto sobre Terapia Cognitivo-Comportamental). reforçando a capacidade da pessoa de executar as atividades a que se propõe.
As intervenções breves visam motivar a pessoa que tem problemas relacionados ao uso de álcool a buscar formas de tratamento continuadas. Nesse sentido, para saber se a pessoa tem algum destes problemas, são utilizados questionários de “rastreio”, ou seja, de avaliação sobre o uso de álcool. O rastreio destes problemas costuma ser o início de uma IB; já o fim, geralmente ocorre com algum encaminhamento para tratamentos de duração mais longa, caso se confirme a ocorrência de problemas relacionados ao uso de álcool. Pesquisas recentes vêm sugerindo este “pacote” de rastreio, intervenção breve e encaminhamento, como uma das formas mais efetivas de se lidar com o consumo nocivo de álcool5–7. Confira nosso texto falando mais sobre esse assunto.
De acordo com a OMS8,9, intervenções breves possuem bom custo-benefício. Ao desenvolver um conjunto de ações chamado de SAFER, e considerado como um compilado das melhores medidas que os países podem adotar para lidar com o consumo nocivo de álcool, a OMS salienta que é preciso facilitar o acesso das pessoas a rastreios, intervenções breves e tratamentos efetivos relacionados ao consumo nocivo de álcool. Embora a intervenção breve tenha pouca eficácia em pessoas que já possuem dependência de álcool (dado que estas pessoas necessitam de cuidado continuado), ela é considerada como uma das mais eficazes medidas de prevenção7.
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