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Intervenção Breve para o uso nocivo de álcool

17 Setembro 2021

 

De acordo com a OMS, as intervenções breves são uma das medidas com melhor custo-benefício para o tratamento do uso nocivo de álcool. Entenda o que são tais intervenções e como elas podem beneficiar quem precisa desse tipo de tratamento.

A Intervenção Breve (IB) é uma abordagem terapêutica muito utilizada para o tratamento do uso nocivo de álcool. Embora possa ser também aplicada a outros transtornos, ela constitui um conjunto de “práticas que visam identificar um problema, real ou potencial, relacionado ao uso do álcool, e motivar a pessoa a fazer algo a respeito”1. Tais práticas podem assumir diferentes aspectos, mas são comumente acompanhadas da observação sobre o consumo de álcool e constituídas de conversas que evitem a confrontação e busquem a mudança de comportamento2, motivando a pessoa a reconhecer que existe um problema e a buscar ajuda especializada. A intervenção breve pode ser aplicada por qualquer profissional da saúde capacitado, como um médico ou psicólogo1,2. O qualitativo de “breve” se deve à sua duração, que costuma ser de uma a algumas poucas sessões de conversa, sem nenhuma prescrição de tempo necessária. A principal base teórica para a intervenção breve é a “Entrevista Motivacional” (EM)3,4. Sendo uma abordagem que visa promover mudança comportamental, tem como princípios a demonstração de empatia com o problema relacionado ao álcool, salientando a discrepância existente entre a condição atual e a desejada pela própria pessoa, e sempre promovendo a autoeficácia do paciente, isto é, (tal como discutido em nosso texto sobre Terapia Cognitivo-Comportamental).  reforçando a capacidade da pessoa de executar as atividades a que se propõe.

As intervenções breves visam motivar a pessoa que tem problemas relacionados ao uso de álcool a buscar formas de tratamento continuadas. Nesse sentido, para saber se a pessoa tem algum destes problemas, são utilizados questionários de “rastreio”, ou seja, de avaliação sobre o uso de álcool. O rastreio destes problemas costuma ser o início de uma IB; já o fim, geralmente ocorre com algum encaminhamento para tratamentos de duração mais longa, caso se confirme a ocorrência de problemas relacionados ao uso de álcool. Pesquisas recentes vêm sugerindo este “pacote” de rastreio, intervenção breve e encaminhamento, como uma das formas mais efetivas de se lidar com o consumo nocivo de álcool5–7. Confira nosso texto falando mais sobre esse assunto.

De acordo com a OMS8,9, intervenções breves possuem bom custo-benefício. Ao desenvolver um conjunto de ações chamado de SAFER, e considerado como um compilado das melhores medidas que os países podem adotar para lidar com o consumo nocivo de álcool, a OMS salienta que é preciso facilitar o acesso das pessoas a rastreios, intervenções breves e tratamentos efetivos relacionados ao consumo nocivo de álcool. Embora a intervenção breve tenha pouca eficácia em pessoas que já possuem dependência de álcool (dado que estas pessoas necessitam de cuidado continuado), ela é considerada como uma das mais eficazes medidas de prevenção7.                                                               

 

 

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Additional Info

  • Referências:
    1. Babor TF, Higgins-Biddle JC. BRIEF INTERVENTION For Hazardous and Harmful Drinking - A Manual for Use in Primary Care.; 2001.
    2. Fitzgerald N. WHO Alcohol Brief Intervention Training Manual for Primary Care. Copenhagen; 2017.
    3. Miller WR, Rose GS. Toward a Theory of Motivational Interviewing. Am Psychol. 2009;64(6):527-537. doi:10.1037/a0016830
    4. Miller WR. Motivational Interviewing with Problem Drinkers. Behav Psychother. 1983;11:147-172.
    5. Rehm J, Anderson P, Manthey J, et al. Alcohol Use Disorders in Primary Health Care: What Do We Know and Where Do We Go? INTRODUCTION: PREVALENCE OF ALCOHOL USE DISORDERS IN PRIMARY HEALTH CARE SETTINGS. Alcohol Alcohol. 2016;51(4):422-427. doi:10.1093/alcalc/agv127
    6. Agerwala SM, McCance-Katz EF. Integrating Screening, Brief Intervention, and Referral to Treatment (SBIRT) into Clinical Practice Settings: A Brief Review. J Psychoactive Drugs. 2012;44(4):307-317. doi:10.1080/02791072.2012.720169
    7. Knox J, Hasin DS, Larson FRR, Kranzler HR. Prevention, screening, and treatment for heavy drinking and alcohol use disorder. The Lancet Psychiatry. 2019;6(12):1054-1067. doi:10.1016/S2215-0366(19)30213-5
    8. OMS. SAFER - Brief interventions and treatment. https://www.who.int/initiatives/SAFER/brief-interventions-and-treatment. Accessed June 20, 2021.
    9. OMS. The SAFER Action Package A WORLD FREE FROM ALCOHOL RELATED HARMS.; 2018.

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