A relação entre o consumo de álcool e lesão hepática induzida por drogas (LHID), via reações idiossincráticas, ainda é pouco entendida. O presente artigo investigou a relação entre consumo pesado de álcool e a evolução da LHID em pacientes inscritos em um estudo prospectivo realizado pela “Drug-induced Liver Injury Network (DLIN)”, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores coletaram dados de 1198 participantes diagnosticados ou com provável diagnóstico de LHID, de 2004 a 2016. No momento de inscrição na pesquisa, todos os pacientes responderam questões sobre consumo de álcool, e aqueles que relataram algum consumo de álcool, mesmo que mínimo, foram instruídos a preencher o questionário de Skinner, para avaliação de histórico de consumo. O consumo pesado foi definido como mais de 3 drinks por dia, para homens, ou mais de 2 drinks por dia, para mulheres.
Do total de 601 participantes que relataram consumo de qualquer quantidade de álcool no ano anterior à entrevista, 348 concordaram em preencher o questionário de Skinner. Destes, 80 relataram consumo pesado de álcool. Consumidores pesados eram mais jovens, com uma média de idade de 42 anos, do que os não bebedores de álcool, que tinham em média 49 anos. O grupo de consumidores pesados tinha maior proporção de homens (63%) que o grupo de não bebedores, composto de uma proporção de homens consideravelmente mais baixa (35%). Entre os consumidores pesados, o uso de esteroides anabolizantes foi a causa mais comum de LHID (13%).
Ao discutirem a relação entre consumo pesado de álcool e uso de anabolizantes por esse grupo de indivíduos, os autores apontam que um possível motivo é que tanto o consumo excessivo quando o uso não-prescrito de esteroides podem advir de um estilo de vida repleto de comportamentos de risco. Quanto às possíveis interações fisiológicas do álcool e dos esteroides anabolizantes, os autores apontam a falta de evidências conclusivas sobre os mecanismos e vias de processamento comuns a ambas as drogas.