Uma das piores consequências do alcoolismo e do abuso de drogas ilícitas é o impacto negativo que o álcool e as drogas podem ter no desenvolvimento emocional de crianças.
Apesar de já ter sido bastante investigada as consequências do alcoolismo paterno sobre a saúde psíquica dos filhos, poucos são os estudos que exploram as sequelas do uso de drogas ilícitas sobre o ajustamento psicológico de crianças e adolescentes. Muitos pesquisadores, sem terem o devido cuidado, partem do pressuposto de que o impacto psicológico é o mesmo para as crianças que vivem com pais que abusam de álcool e para as crianças que vivem com pais que abusam de drogas ilícitas.
O estudo em questão buscou compreender as diferenças existentes no desenvolvimento psíquico de crianças que vivem com pais que: 1) abusam de álcool, 2) abusam de drogas ilícitas e 3) não utilizam drogas ilícitas e não abusam de álcool. Para tanto, foram investigadas 120 famílias com pelo menos um filho entre 8 e 12 anos de idade. A primeira categoria, composta por 40 famílias, era constituída por pais que preencheram os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV para a dependência de cocaína ou opiáceos; a segunda categoria, composta por 40 famílias, era constituída por pais que preencheram os critérios para dependência de álcool do DSM IV e que não preencheram os critérios para a dependência de drogas ilícitas; e a terceira categoria, também composta por 40 famílias, era constituída por pais que não preencheram os critérios de dependência tanto para drogas ilícitas quanto para o álcool.
Os autores concluíram que filhos de pais dependentes de drogas ilícitas (cocaína e opiáceos) apresentam maiores níveis de depressão e ansiedade do que filhos de pais alcoolistas e filhos de pais que não abusam de álcool e de drogas ilícitas. Os pesquisadores também avaliaram que as famílias em que o pai era dependente de drogas ilícitas apresentavam maiores níveis de violência física e tinham maiores níveis de conflitos entre o casal. Nestas famílias, os pais (sexo masculino) monitoravam menos os filhos e despendiam menos tempo em práticas educacionais.