A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o suicídio como uma prioridade de saúde pública. O primeiro relatório da organização sobre o assunto, “Prevenção do suicídio: um imperativo global”1, publicado em 2014, incentiva os países a desenvolver ou reforçar estratégias de prevenção com abordagem multisetorial. Mas, segundo a organização, poucos países incluíram a prevenção ao suicídio entre suas prioridades de saúde.
Em um documento mais recente da OMS, estima-se que mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio no ano de 20192. Cerca de 77% destes óbitos ocorreram em países de média e baixa renda2,3. A literatura sugere que fatores econômicos e sociopolíticos são fundamentais para explicar diferenças entre taxas de suicídios em diferentes localidades. Há também diferenças importantes entre grupos populacionais, pois cada um possui desafios distintos e reage de forma diferente a possíveis fatores relacionados à decisão de se tirar a própria vida4.
Além disso, a OMS salienta que, além de uma forte conexão entre suicídio e transtornos mentais em geral, muitas tentativas de suicídio ocorrem em momentos de crise, provavelmente em decorrência de uma capacidade reduzida de lidar com estressores. Devido a isso, adolescentes e jovens adultos estão em especial risco, pois as habilidades para lidar com estressores ainda estão em desenvolvimento. Buscando ofertar as melhores intervenções, a OMS elaborou um documento intitulado “LIVE LIFE”5, um guia de implementação que salienta quatro medidas com forte evidência de sucesso em prevenção de suicídio:
- Limitar o acesso a meios de suicídio (por exemplo: armas de fogo e pesticidas);
- Interagir com veículos midiáticos para relatos responsáveis de casos de suicídio;
- Fomentar habilidades para lidar com estressores em adolescentes;
- Identificar, de maneira precoce, e ajudar quaisquer pessoas que apresentem comportamentos suicidas.
É importante reconhecer que o uso nocivo de álcool está relacionado ao aumento da impulsividade e, com isso, à ampliação do risco de suicídio. Por esse motivo, a OMS explicita a necessidade de interações com políticas públicas de combate ao consumo nocivo de álcool. Para a situação brasileira, é preocupante que a quantidade de pessoas que consomem álcool de maneira abusivanão esteja sofrendo redução ao longo do tempo6. As medidas de prevenção ao suicídio devem ocorrer com o amparo de políticas públicas que visem a redução do consumo nocivo de bebidas alcoólicas.
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