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Uso de estimulantes no tratamento do TDAH e os riscos do consumo de álcool

27 Novembro 2024

Os estimulantes abrangem tanto medicamentos prescritos quanto drogas ilícitas. Eles atuam no sistema nervoso central (SNC), aumentando sua atividade por meio da interação com neurotransmissores como a dopamina e a noradrenalina. Esses efeitos promovem maior alerta, energia e capacidade de foco.1

 

Os estimulantes prescritos, como dextroanfetamina, metilfenidato, lisdeanfetamina, podem ser indicados para o tratamento de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) e narcolepsia. Apesar de serem eficazes, eles podem causar diversos efeitos adversos. Entre os mais comuns estão problemas de sono, redução do apetite, perda de peso, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, irritabilidade, mudanças de humor e, em casos mais graves, agressividade ou tremores musculares.1

Muitos indivíduos misturam essas substâncias com álcool na busca de aumentar a euforia ou reduzir os efeitos colaterais indesejados do álcool.2 No entanto, a interação entre estimulantes e álcool pode mascarar a intoxicação alcoólica, levando ao consumo excessivo de álcool. Além disso, amplifica os efeitos no sistema cardiovascular, como elevação da pressão arterial, aumento do ritmo cardíaco e maior risco de arritmias e ataques cardíacos.3

No caso das pessoas que possuem TDAH, estudos indicam que o tratamento adequado  com estimulantes prescritos pode reduzir o risco de uso abusivo e transtornos por uso de álcool e outras substâncias.4 Esse efeito protetor ocorre porque pessoas com TDAH frequentemente apresentam maior impulsividade e um sistema de recompensa desregulado, características que aumentam a probabilidade de buscar alívio imediato em comportamentos de risco, como o uso de álcool e drogas.5

Embora já se conheçam os riscos associados à mistura de álcool e estimulantes para tratamento do TDAH, ainda há uma necessidade de mais estudos para entender completamente os mecanismos de interação entre essas substâncias e suas consequências a longo prazo. Pesquisas futuras podem ajudar a esclarecer esses efeitos e contribuir para estratégias mais eficazes de prevenção e manejo de pacientes que utilizam essas medicações.


 

Additional Info

  • Referências:
    1. Farzam K, Faizy RM, Saadabadi A. Stimulants. [Updated 2023 Jul 2]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK539896/
    2. Barrett, S. P., & Pihl, R. O. (2002). Oral methylphenidate-alcohol co-abuse. Journal of clinical psychopharmacology22(6), 633–634. https://doi.org/10.1097/00004714-200212000-00020
    3. Barkla, X. M., McArdle, P. A., & Newbury-Birch, D. (2015). Are there any potentially dangerous pharmacological effects of combining ADHD medication with alcohol and drugs of abuse? A systematic review of the literature. BMC psychiatry15, 270. https://doi.org/10.1186/s12888-015-0657-9
    4. Hammerness, P., Petty, C., Faraone, S. V., & Biederman, J. (2017). Do Stimulants Reduce the Risk for Alcohol and Substance Use in Youth With ADHD? A Secondary Analysis of a Prospective, 24-Month Open-Label Study of Osmotic-Release Methylphenidate. Journal of attention disorders21(1), 71–77. 
    5. Luderer, M., Ramos Quiroga, J. A., Faraone, S. V., Zhang James, Y., & Reif, A. (2021). Alcohol use disorders and ADHD. Neuroscience and biobehavioral reviews128, 648–660. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2021.07.010

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