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Novo estudo sobre consumo abusivo de álcool por adolescentes mostra um cenário preocupante

11 Janeiro 2023

Aprofundando a análise da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, um novo estudo investigou o consumo abusivo de álcool  por jovens e os fatores relacionados a esse padrão.

A partir do banco de dados gerado pela PNS 2019, um novo estudo estimou a prevalência do Beber Pesado Episódico (BPE) e outros padrões de consumo nocivo a partir de informações de mais de 2.300 jovens adolescentes de 15 a 17 anos1. Dos adolescentes analisados, cerca de 51% eram do sexo masculino e 37% tinham 17 anos. 60% se declararam pretos ou pardos e 87% frequentavam a escola.

 Cerca de 77,6% se declararam abstêmios, e a prevalência de prática de BPE nos 30 dias prévios à entrevista foi de 8,1%. Dos jovens que relataram consumir álcool, 98,6% relataram não terem cessado suas atividades diárias em decorrência do uso de álcool. Ainda, 2,6% relataram blecaute alcoólico após consumo e 3,4% relataram beber tanto a ponto de, mais de uma vez, outras pessoas solicitarem que eles parassem de beber. 

Pessoas do sexo feminino tinham 50% menos chance de engajar em BPE. Já as chances de adolescentes, de ambos os sexos, que não iam à escola, de terem feito BPE foi 2,8 vezes maior do que a dos adolescentes que compareciam à escola. Com relação ao nível socioeconômico, os adolescentes mais pobres tinham menores chances de ter praticado o consumo abusivo. No grupo de pessoas que se declararam pretas ou pardas, observou-se 60% mais chance de prática de BPE, em comparação com o grupo de pessoas que se declararam brancas. 

Em resumo, os adolescentes que não frequentam escola e os estudantes de estratos mais ricos são os que possuem, segundo a pesquisa, as maiores chances de praticar o BPE. Essa probabilidade também se mostrou 1,5 vezes maior entre os adolescentes que se declararam pretos e pardos em comparação aos brancos. Os autores concluem reiterando a necessidade de políticas públicas que possam diminuir a prevalência de BPE de 8,1% observada em jovens de 15 a 17 anos. O CISA salienta que as idades de 0 a 18 anos se enquadram no perfil de “Álcool Zero”. Além disso, os autores apontam que, dado o maior risco observado entre jovens que não vão à escola , intervenções que busquem a promoção de saúde e a prevenção do uso de álcool não podem ser restritas  ao ambiente escolar. 

Additional Info

  • Referências:

    Medeiros P, Valente J, Rezende  m L, Sanchez Z. Consumo excessivo de álcool em adolescentes brasileiros: resultados de uma pesquisa domiciliar nacional. Cad Saude Publica [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 10];38(12). Available from: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/csp/artigo/1918/consumo-excessivo-de-alcool-em-adolescentes-brasileiros-resultados-de-uma-pesquisa-domiciliar-nacional

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