O consumo de álcool, assim como o uso de reposição hormonal na pós menopausa, são considerados fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de câncer de mama.

Um estudo dinamarquês¹ realizado a partir de um banco de dados, incluiu mais de 30 mil mulheres com mais de 50 anos de idade na pós menopausa, com o objetivo de avaliar o risco de câncer de mama em relação aos efeitos combinados da reposição hormonal, índice de massa e corpórea (IMC) e consumo de álcool. No acompanhamento, 1.579 mulheres desenvolveram câncer de mama invasivo. Entre as não usuárias de terapia hormonal, o risco de câncer de mama foi ligeiramente aumentado em mulheres com sobrepeso/obesidade; um aumento significativo em mulheres que consumiam álcool também foi observado.

O maior risco de câncer de mama foi observado em mulheres que faziam reposição hormonal e que consumiam álcool (7+ drinques/semana) em comparação com mulheres abstinentes e que não faziam o tratamento. Assim, o estudo sugeriu um risco aumentado de câncer de mama associado ao uso de terapia hormonal – risco que pode ser ainda maior para as mulheres que consomem álcool.

Informações semelhantes já têm sido observadas há algum tempo. Um estudo publicado em 2002 na revista Annals of Internal Medicine² buscou analisar se existiria uma associação somativa destes dois fatores de risco. A pesquisa mostrou que o grupo que fazia reposição hormonal e que consumia bebida alcoólica (20g ou mais de álcool diariamente) teve um risco relativo de câncer de mama de quase duas vezes maior, se comparado a mulheres que não faziam reposição hormonal e não bebiam.

Segundo os autores do estudo, o maior risco de câncer de mama devido a associação dos dois hábitos pode estar relacionado a um aumento nos níveis de estrógeno sanguíneo, que é causado tanto pela reposição hormonal quanto pelo consumo de álcool.

Por fim, um estudo americano³ com o objetivo de avaliar fatores de risco modificáveis e não modificáveis no câncer de mama na pós-menopausa avaliou um total de 8.421 casos de câncer de mama invasivo desenvolvido em mulheres na pós-menopausa. Os fatores de risco modificáveis ​​nas análises foram cinco: mudança de peso desde os 18 anos, consumo de álcool, nível de atividade física, amamentação e uso de terapia hormonal na menopausa.

O estudo forneceu evidências de que mais de um terço dos cânceres de mama na pós-menopausa são evitáveis ​​por meio de mudanças nos fatores de risco modificáveis, como manutenção de um peso saudável ao longo da vida, prática de atividades físicas, alimentação equilibrada, amamentação prolongada, evitação do consumo abusivo de álcool, entre outros.

Por isso o CISA alerta mais uma vez que hábitos saudáveis são a chave para a prevenção do câncer de mama e outras doenças. Adotar um estilo de vida saudável, incluindo o consumo moderado de álcool, se decidir beber, são escolhas importantes. Ressaltamos que o Ministério da Saúde recomenda que toda mulher faça a mamografia a partir dos 50 anos. Já as Sociedades Brasileiras de Cancerologia e Mastologia recomendam que já a partir dos 40 anos o exame seja feito anualmente.

Cuide-se!