Nos últimos 20 anos, numerosos estudos mostraram que o consumo moderado de álcool está associado a benefícios para a saúde, como redução do risco de doença coronariana, infarto cerebral e outros. Tal redução é atribuída aos efeitos benéficos do álcool nos lípides (colesterol e frações) e fatores hemostáticos (fatores relacionados ao sistema de agregação plaquetária e coagulação). A relação entre consumo de bebidas alcoólicas e disfunção renal (alteração do correto funcionamento dos rins) não está bem estabelecida.
Foram acompanhados 11.023 homens saudáveis por um período de 14 anos. Os parâmetros usados para definir disfunção renal foram: aumento dos níveis de creatinina (1,5 mg/dL) e redução da filtração glomerular (normal até 55 mL/min), mensurados através de exames laboratoriais.
Após 14 anos de seguimento, os autores notaram que 473 homens (4,3%) apresentaram níveis elevados de creatinina e 1.296 (11,8%) tinham redução da filtração glomerular (FG). Comparados aos homens que beberam até uma dose de etanol por semana, os que consumiram 2 a 4 doses de etanol por semana, de 5 a 6 doses por semana e mais que 7 doses por semana, apresentaram razão de risco de disfunção renal, respectivamente, de 1,04, 0,92 e 0,71. Fatores como hipertensão, diabetes e níveis de colesterol não afetaram os resultados.
Os pesquisadores concluíram que o consumo de álcool não se associou com aumento de risco para disfunção renal. Ao contrário, neste estudo os dados sugerem relação inversa entre consumo de álcool e disfunção renal. Os próprios autores salientam que este estudo abordou somente os efeitos do álcool na função renal, sendo que o potencial de causar outros danos à saúde não foi avaliado.