O câncer de próstata é o quarto tipo de câncer mais frequente no mundo (7,3%), sendo o segundo mais prevalente em homens1. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer – INCA, para o Brasil, estima-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano para o triênio 2023-20251. Atualmente, o câncer de próstata é a segunda causa de óbito por câncer na população masculina.
Vários estudos têm sido realizados para avaliar se há associação entre o consumo de álcool e outros tipos de câncer, sendo um deles o câncer de próstata. O câncer de próstata pode ser influenciado pelo consumo de álcool por diversos mecanismos: além de o próprio etanol ser carcinogênico, também pode afetar o metabolismo de outras substâncias cancerígenas, inibindo o processo de reparação do DNA, aumentando o estresse oxidativo e, com isso, podendo aumentar a probabilidade de efeitos deletérios no DNA – efeitos que podem levar ao desenvolvimento de câncer. Apesar de alguns estudos estimarem um aumento de aproximadamente 20% no risco de câncer de próstata em bebedores pesados (considerado nesses estudos como o consumo de 25g de álcool por dia ou mais), os efeitos do álcool sobre o câncer de próstata ainda não estão bem estabelecidos.
Um estudo de revisão da literatura científica2 indicou um risco maior de câncer de próstata já com o consumo de baixo volume (> 1,3g - < 24 g por dia) em comparação com abstêmios. Porém, o estudo também apontou uma relação dose-resposta significativa entre o nível de ingestão de álcool e o risco de câncer de próstata, sendo maior o risco conforme o consumo aumenta. Assim, os autores sugerem que, dada a elevada prevalência do câncer da próstata, o mesmo deve ser integrado em estratégias de saúde pública para reduzir doenças relacionadas com o álcool.
Já um estudo americano3, que avaliou as associações entre o consumo de álcool (tipo de bebida alcoólica e padrão de consumo) e o risco de desenvolver câncer de próstata, apontou um possível efeito do consumo de álcool sobre a ação da finasterida (medicamento utilizado no tratamento e controle do câncer de próstata), uma vez que ambos afetam o metabolismo da testosterona, hormônio importante no desenvolvimento e evolução deste tipo de câncer. A prevalência de câncer de próstata foi verificada em um período de 7 anos, entre 10.920 homens com 55 anos de idade ou mais, que haviam sido randomizados para receber a finasterida (5 mg por dia) ou placebo (grupo controle). Ao final do estudo, mais de 2 mil participantes haviam desenvolvido câncer de próstata. Além disso, nos bebedores pesados (que consumiam 50g de álcool/dia ou mais) foi associado a um risco significativamente maior de câncer de próstata de alto grau de malignidade, tanto no grupo controle como no tratado com finasterida.
Por fim, um estudo canadense de caso-controle4 que incluiu aproximadamente 4 mil indivíduos trouxe evidências de que níveis elevados de consumo de álcool ao longo da vida aumentam o risco de câncer de próstata de alto grau.
Câncer de Próstata: prevenção e diagnóstico1
Para o câncer de próstata, a idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos. Além disso, histórico familiar de câncer, excesso de gordura corporal, tabagismo, exposição a alguns produtos químicos e agrotóxicos também aumentam o risco para a doença.
O diagnóstico precoce do câncer de próstata possibilita melhores resultados no tratamento. Por isso, busque atendimento médico especializado se apresentar sintomas como:
- Dificuldade de urinar;
- Diminuição do jato de urina;
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite;
- Sangue na urina.
Se há histórico na sua família de alguém que tenha tido câncer de próstata, você deve começar o exame preventivo mais cedo, a partir dos 45 anos. Se não, você pode começar aos 50 anos.
Cuide da sua saúde!