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Relatório da OPAS traz novos dados sobre as principais causas de mortes e doenças nas Américas

04 Julho 2024

Novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) analisou a carga de morbidade e mortalidade nas Américas, no período de 2000 a 2019, concentrando-se principalmente em Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). 

Quedas nas taxas de mortalidade aumentaram a expectativa de vida para mulheres e homens. Desde 1900, a expectativa de vida média global mais que dobrou, estando agora acima de 70 anos. A fertilidade em todo o mundo também está diminuindo, de 3,2 nascimentos vivos por mulher em 1990 para 2,5 em 2019, e espera-se que essa queda continue. Vidas mais longas e menos bebês significam uma população envelhecida. Nas Américas, agora existem 76 milhões de pessoas com 70 anos ou mais, contra 46 milhões em 2000. À medida que a população envelhece, o número de pessoas que vivem e morrem de doenças crônicas aumenta, exigindo uma mudança fundamental na assistência médica e no apoio social.

Em 2019, a expectativa de vida nas Américas era de 77,2 anos, acima dos 74,1 anos em 2000, superando a média global em 3,9 anos. A expectativa de vida saudável também aumentou desde 2000, mas não tanto quanto a expectativa de vida, então mais anos são vividos com saúde não plena. Uma pessoa nas Américas poderia esperar viver 77,2 anos em 2019, com uma expectativa de vida saudável média de 66,2 anos, de modo que 11 anos (ou 14% de sua expectativa de vida) seriam vividos com saúde não plena. 

O número de mortes globalmente aumentou de 51,3 milhões em 2000 para 55,4 milhões em 2019, um aumento de 8%. As Américas registraram um aumento percentual maior no número de mortes do que em qualquer outra região da OMS, com um aumento de 31%). No Brasil, a população aumentou 21% entre 2010 e 2019, ao passo que as mortes aumentaram 38% no mesmo período. Na Região das Américas o aumento das mortes foi maior no México (55%), na América Central (41%) e no Brasil (38%).

As causas de morte foram fortemente associadas à idade, com as condições de CNMP (Condições Neonatais, Maternas, Perinatais e Nutricionais) dominando as mortes em crianças pequenas (62% de todas as mortes), os ferimentos dominando as mortes em jovens e adultos jovens (58% das mortes de jovens, 50% das mortes de adultos jovens) e com DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) dominando a partir de então (81% dos adultos de 40 a 64 anos, 88% dos adultos de 65 anos ou mais). As taxas de mortalidade por DCNT geralmente diminuíram desde o ano 2000. Houve diferentes padrões de declínio da taxa de mortalidade por DCNT entre as sub-regiões, com fortes declínios observados no Brasil (diminuição de 27,0%) e na sub-região do Cone Sul (diminuição de 20,6%). O Brasil também observou declínio importante da mortalidade por CNMP, embora as taxas de mortes por lesões ainda permaneçam altas.

Doença isquêmica do coração (DIC), derrames e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) dominaram as mortes regionais nos 20 anos desde o ano 2000. A DIC (taxa de mortalidade de 73,6 por 100.000 em 2019) liderou as três principais causas, com uma taxa 2,3 vezes maior que a de derrames (32,3 por 100.000) e 2,9 vezes maior que a DPOC (25,1 por 100.000). A doença de Alzheimer e as demências (taxa de mortalidade de 22,3 por 100.000) e o diabetes (20,9 por 100.000) completaram as cinco principais causas de mortes regionais. Houve mudanças importantes na importância relativa das causas de morte entre 2000 e 2019. Em particular, as demências subiram da 11ª para a 4ª causa de morte mais importante (taxa de mortalidade aumentou de 11,8 para 22,3 por 100.000), os transtornos por uso de drogas subiram da 27ª para a 14ª posição (taxa de mortalidade aumentou de 2,7 para 8,0 por 100.000), e as quedas subiram da 24ª para a 18ª posição (taxa de mortalidade aumentou de 3,6 para 5,4 por 100.000). Por outro lado, os transtornos por uso de álcool passaram da 11ª para a 14ª posição na carga de doenças.

 

Atenção especial é dada à saúde mental, aos transtornos por uso de substâncias e as condições neurológicas. As taxas desse tipo de doenças aumentaram consistentemente entre 2000 e 2019. A taxa de mortalidade por transtornos mentais e por uso de substâncias aumentou 89% (de 5,9 para 11,1 mortes por 100.000) e a taxa de DALY (anos de vida ajustados por incapacidade) aumentou 10% (de 2.877 para 3.160 anos por 100.000). A taxa de mortalidade por condições neurológicas aumentou 60% (de 20,5 para 32,9 mortes por 100.000) e a taxa de DALY aumentou 15% (de 1.125 para 1.290 anos por 100.000). Esse foi o único grupo de condições a relatar aumentos nas taxas de mortalidade e incapacidade. Os transtornos por uso de álcool foram os únicos a observar queda (-4%) no período observado.

Em suma, o envelhecimento populacional apresenta um desafio demográfico inevitável que os governos podem usar para antecipar as demandas futuras de saúde. Nas Américas como um todo, uma melhoria de 26% na taxa de mortalidade compensou o aumento da mortalidade devido ao crescimento e envelhecimento da população. O uso da melhoria da taxa de mortalidade para controlar as implicações do crescimento e envelhecimento da população na saúde continuará sendo uma medida chave nas próximas décadas. Além disso, grande parte das DCNT estão associadas ao estilo de vida, com inatividade física, alimentação pobre, obesidade, tabaco, uso nocivo de álcool e exposição a contaminantes sendo os principais fatores de risco para o seu desenvolvimento. Dessa forma, intervenções que incentivem a adoção de um estilo de vida saudável pela população, que melhorem as condições ambientais,  assim como garantam o acesso a tratamento precoce são medidas que podem ajudar a enfrentar esses desafios.  

O relatório está disponível e pode ser baixado aqui: https://iris.paho.org/handle/10665.2/59568 

 

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