Referência em suas áreas de atuação, as instituições sem fins lucrativos CISA - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool e SOBRASA - Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático uniram-se para chamar a atenção dos brasileiros para o risco de afogamentos por uso de álcool.
No Brasil, 16 pessoas morrem afogadas diariamente e, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde1, o país é o terceiro com mais mortes por afogamento no mundo, ficando atrás somente de Japão e Rússia. A entidade também atribui ao uso de álcool 12% dos casos de internações e óbitos por afogamento.
Para o fundador e diretor da SOBRASA, Dr. David Szpilman, a preocupação aumenta com a chegada do verão. “De dezembro a março registramos o maior número de afogamentos fatais, representando 44% das mortes por afogamento no Brasil”
As temperaturas elevadas e o período de festas acabam influenciando um maior consumo de bebidas alcoólicas, além de serem um convite para mais pessoas escolherem os ambientes aquáticos, como piscinas, rios ou mar; para se refrescarem.
"Sempre importante reforçar que o álcool, mesmo em pequenas concentrações, é capaz de alterar os reflexos e aumentar o tempo de reação. Na medida em que essa concentração se eleva no sangue, há um excesso de autoconfiança e a capacidade de discernimento diminui. Como consequência, o indivíduo superestima sua competência aquática e tem dificuldade em avaliar adequadamente os riscos do local", alerta o presidente executivo do CISA, o psiquiatra Arthur Guerra.
Embora sejam escassos dados sobre a relação afogamento e álcool, uma revisão científica2, com pesquisas de 15 países, apontou que 64% dos afogamentos fatais na região metropolitana de São Paulo envolvem o uso de álcool. Trata-se do maior índice entre os países pesquisados (variação de 9 a 64%, sendo a média 49,5%). Esse mesmo artigo também estimou que 87% dos afogamentos não-fatais envolviam álcool.
Nos casos de afogamentos secundários (precipitado por uso de drogas ou alguma patologia associada), o uso de drogas (em sua maioria, o álcool) representa 36,2% dos casos3. Importante esclarecer que os afogamentos secundários ocorrem quando a água aspirada num episódio de afogamento entra nas vias aéreas, provocando dificuldade na troca de oxigênio; e eles perfazem 13% de todos os afogamentos.
Outro risco associado ao uso de álcool está relacionado à supervisão de crianças - maiores vítimas dos casos fatais. Pais ou responsáveis sob efeito de álcool terão sua capacidade de atenção reduzida.
A adoção de medidas preventivas e socioeducativas evitam 90% dos afogamentos, por isso as instituições recomendam: se decidir beber, não nade; e quando estiver supervisionando uma criança, não ingira bebida alcoólica.