Artigo publicado no Journal of Hypertension descreve os possíveis mecanismos responsáveis pela interação entre álcool e hipertensão. Resultados de estudos pregressos sugerem que os efeitos do etanol sobre a pressão arterial (PA) são heterogêneos. Quando os dados são analisados, encontram-se duas populações: um grupo que é sensível aos efeitos do álcool sobre a pressão e outro grupo que é insensível. Ao redor de metade dos normotensos e quatro quintos dos indivíduos que são dependentes de álcool e hipertensos apresentam alterações significativas na média da PA em 24 horas e podem ser classificados como álcool sensíveis. Este comportamento sugere influência genética na gênese da hipertensão relacionada ao álcool. Os mecanismos da hipertensão relacionada ao álcool não são totalmente compreendidos e há várias hipóteses, dentre elas: Ativação do sistema renina – angiotensina – aldosterona; Descarga adrenérgica central; Secreção de cortisol; Redução da sensibilidade à insulina; Variabilidade da frequência cardíaca; Efeitos diretos do etanol sobre a musculatura periférica, entre outros De forma simplificada, a ativação destes mecanismos implica em acúmulo de sal e água e aumenta o tônus dos vasos (o grau de contração dos vasos), o que, por sua vez, culmina com o aumento da PA. Outros estudos sugeriram que o efeito do etanol sobre a PA seria verificado quando da retirada do álcool, mas a dosagem de substâncias que se alterariam nesta situação não se modificou. Além disso, a PA seria mais elevada quando os pacientes se tornassem abstêmios, o que também não se verificou. Sabe-se então que o impacto do etanol sobre a hipertensão é variável e parece ter influência genética, relacionando-se ao consumo e não à retirada do mesmo. Por outro lado, permanecem incertos os mecanismos que regulam a interação álcool e pressão arterial.