Um estudo recente, publicado na revista científica PLoS ONE, buscou compilar os resultados de pesquisas clínicas de alta confiabilidade que fizeram intervenções envolvendo exercício físico para pacientes com Transtorno do Uso de Álcool (Alcohol Use Disorders - AUD). Com isso, os autores buscaram fornecer evidências mais sólidas sobre formas de tratar a dependência de álcool e a saúde física e mental neste grupo de pacientes.
O levantamento incluiu apenas ensaios clínicos randomizados, com pacientes diagnosticados com AUD ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) com sintomas de AUD. Os estudos, para serem incluídos no levantamento, deveriam comparar “grupos experimentais” que realizassem intervenções envolvendo exercícios, com variações de tipo, intensidade e duração, contra “grupos controle” que não realizaram exercícios.
Os desfechos analisados nos estudos incluíram o número de doses diárias e semanais de álcool, questionários para identificação de consumo de álcool, capacidade aeróbica (VO2max), frequência cardíaca de repouso, sintomas de ansiedade, depressão e estresse, com intervenções que variaram entre exercícios aeróbicos, resistência, yoga e combinações dessas abordagens, com duração de 3 a 24 semanas.
O levantamento obteve resultados interessantes, com destaque para evidências de que o exercício físico teve efeitos positivos sobre o consumo diário de álcool, com uma redução significativa no número de doses diárias, mas não no consumo semanal. Também houve uma redução significativa nos escores do Teste de Identificação de Transtornos do Uso de Álcool (do inglês “Alcohol Use Disorders Identification Test”, AUDIT), indicando uma melhora no padrão de uso de álcool.
Quanto aos efeitos físicos e psicológicos, o exercício aumentou o VO2max e melhorou a frequência cardíaca de repouso, além de reduzir significativamente os níveis de ansiedade, depressão e estresse. A análise de subgrupos indicou que exercícios mistos e uma duração de intervenção de até 12 semanas foram eficazes na redução da ansiedade.
Apesar de resultados interessantes e promissores, uma das limitações encontradas está na avaliação do risco de viés, dado que este indicou preocupações em 53% dos estudos, especialmente em relação à falta de cegamento nas intervenções, ou seja, os participantes e pesquisadores sabiam em qual grupo estavam, o que pode ter influenciado os resultados.