O consumo de álcool está entre os principais fatores que contribuem para a deterioração da saúde e a morte precoce.1 Em resposta a isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu, no Plano de Ação Global sobre Álcool 2022-2030, uma meta de redução relativa de pelo menos 10% no consumo de álcool per capita entre a população com 15 anos ou mais até 2030.2 Recentemente, essa questão tem recebido maior atenção tanto dos formuladores de políticas quanto dos mercados globais de álcool. No entanto, essa iniciativa ainda gera dúvidas a respeito do seu potencial de reduzir o consumo de álcool em todos os setores da sociedade.3
Evidências indicam que a escolha por produtos com menor teor alcoólico é frequentemente impulsionada pelo consumo anterior de produtos da mesma marca, mas com maior teor alcoólico.4 Outros estudos sugerem que fatores como saúde e bem-estar, diferenças de preço e a redução do estigma social associado ao consumo de bebidas sem álcool também podem influenciar as decisões de compra e consumo de cervejas com teor zero e baixo de álcool.5
Um estudo utilizou dados de pesquisas britânicas realizadas entre 2015 e 2018, bem como dados de compras domiciliares de 2015 a 2020.6 A análise envolveu a utilização destes dados a fim de entender os padrões de consumo e compra de cervejas com baixo e zero teor alcoólico. Os dados incluíram informações sobre a frequência de compra, características demográficas dos compradores, como idade, gênero, classe social, renda e região geográfica. Além disso, foram analisados os dados de compra domiciliar para observar as tendências ao longo do tempo e verificar as variações no consumo de etanol total decorrentes da introdução desses produtos no mercado.
Os resultados do estudo mostraram que a introdução de novas cervejas com baixo e zero teor alcoólico estava associada a uma redução na compra de gramas de etanol, tanto entre compradores de cerveja quanto entre compradores de todas as outras bebidas. Especificamente, lares e indivíduos mais jovens e de classes socioeconômicas mais elevadas tinham maior probabilidade de comprar e consumir essas cervejas, dado que seu preço tende a ser mais elevado em relação a outros produtos com teor mais elevado de etanol.
Segundo o estudo, embora seja uma tendência crescente a atual compra e consumo de cervejas com baixo teor alcoólico e/ou zero álcool, tais produtos só poderiam dar uma pequena contribuição aos esforços para reduzir o consumo de álcool, dado que ainda são muito pouco populares entre os setores menos favorecidos da sociedade. Portanto, os autores do estudo destacam a importância de implementar políticas estruturais que melhorem as perspectivas socioeconômicas de toda a população, juntamente com a promoção de produtos com baixo e zero teor alcoólico.