Segundo a sociedade brasileira de reumatologia (1), a gota é uma doença inflamatória que acomete sobretudo as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal (hiperuricemia). O consumo de álcool é um dos fatores de risco para essa doença, uma pesquisa recente (2) buscou analisar a associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e os danos causados pela gota, especialmente a formação de “tofos”. Estes  são nódulos cutâneos, que se formam geralmente ao redor das articulações, como nos joelhos, cotovelos e dedos.

Neste estudo chinês, mais de 500 pacientes diagnosticados com gota foram estudados, e buscou-se avaliar a associação da gota com a frequência de consumo, bem como a quantidade, o tempo e o tipo de bebida alcoólica consumida. Para a comparação entre padrões de consumo, os pesquisadores separaram três grupos: abstêmios, consumidores moderados e consumidores excessivos. De maneira geral, consumidores excessivos são aqueles que consumiam mais de 5 doses de álcool por semana. 

Os pesquisadores encontraram associações significativas entre o padrão de consumo e o aparecimento e a gravidade dos tofos decorrentes da gota. Em comparação com os abstêmios, pessoas que consumiam de maneira excessiva tinham maior proporção de tofos, com maior tamanho e quantidade. O consumo excessivo aumenta a chance de detecção de tofos em 79%. Além disso, o consumo de longo prazo, definido como o consumo por mais de dez anos, aumentou as chances de detecção de tofos em 96%; por fim, o consumo de bebidas destiladas mais do que dobrou as chances de detecção de tofos de gota. 

Diante destes dados, os autores concluíram que consumo de álcool de longo prazo, em excesso e bebidas destiladas foram preditores para o desenvolvimento de quadros graves de gota, com o aparecimento de tofos. Além disso, para pessoas que já possuem tofos, os autores concluem que qualquer quantidade de álcool (mesmo que moderada) leva ao agravamento do quadro, com o aparecimento de mais tofos.