Nos últimos anos, as mulheres ampliaram seu papel na sociedade. Com isso, ocorreram várias mudanças no estilo de vida, incluindo o consumo de bebida alcoólica, que passou a ser mais frequente.
Pesquisas têm mostrado que o uso nocivo do álcool entre as mulheres tem aumentado. Segundo dados do Ministério da Saúde, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre as brasileiras passou de 10,6% para 13,3% entre 2010 e 2019, um aumento de 2,7 pontos percentuais.
Embora o consumo do álcool possa ser prejudicial à saúde de qualquer pessoa, para as mulheres, os danos podem ser ainda maiores e surgirem mais cedo, mesmo com níveis de ingestão mais baixos (1). Mas por que isso acontece?
Características biológicas fazem com que as mulheres sejam mais sensíveis aos efeitos do álcool. Em geral, pessoas do sexo feminino apresentam menos água no corpo do que homens de mesma altura e peso, o que faz com que alcancem maiores concentrações de álcool no sangue após beberem quantidades equivalentes. Assim, as consequências negativas do álcool tendem a surgir mais rápido e de forma mais acentuada.
Impactos do álcool na saúde feminina
A longo prazo, podem ocorrer diversos problemas. Mulheres que fazem uso nocivo de álcool podem desenvolver cirrose e hepatite alcoólica, são mais suscetíveis a doenças cardíacas relacionadas ao álcool do que os homens e podem sofrer lapsos de memória e outros danos cerebrais. Além disso, têm de 5 a 9% mais chances de desenvolver câncer de mama do que mulheres que não bebem.
Álcool e sono
Não é raro as pessoas utilizarem bebidas alcoólicas para ajudá-las a dormir, porém já é comprovado que o uso dessa substância prejudica a qualidade do sono. Mulheres têm maior tendência a ter insônia e, portanto, acabam caindo no ciclo vicioso de ingestão de álcool para dormir. O ideal para pessoas que têm dificuldade para dormir é não utilizar o álcool como “remédio”, mas criar uma rotina que propicie pegar no sono com mais facilidade, como desconectar-se de aparelhos eletrônicos, relaxar e buscar tranquilidade perto do horário de dormir (2).
Álcool e fertilidade
Estudos indicam que quanto maior o consumo de álcool, menor a fecundidade em mulheres. Uma análise conclui que, para cada dose diária a mais consumida por elas em idade reprodutiva, haveria uma redução de 2% da fertilidade (3).
Além disso, pesquisas sugerem também que o álcool pode afetar a concentração de hormônios endógenos, prejudicando a ovulação e a receptividade do endométrio, o que diminui as chances de fixação do embrião e, portanto, da gravidez.
Como, em geral, é comum demorar um pouco até que se descubra a gravidez, a mulher que ingere álcool nessa fase pode colocar o feto em risco, causando problemas físicos, cognitivos e comportamentais. Por isso, caso a mulher esteja tentando engravidar, os cuidados devem ser redobrados e o ideal é que o uso da bebida alcoólica seja interrompido completamente.
Álcool e contraceptivos
Não é só quem está tentando engravidar que pode se prejudicar pelo uso nocivo do álcool. 82,4% das brasileiras entre 18 e 49 anos fazem uso de métodos contraceptivos, e o mais comum deles é a pílula anticoncepcional (4). Apesar de não haver evidências que comprovem que o consumo moderado de álcool diminua a eficácia dos principais métodos anticoncepcionais utilizados pelas mulheres, outros efeitos podem acontecer, como interações negativas, já que tanto o medicamento como o álcool são metabolizados no fígado (5,6).
Além disso, algumas mulheres acabam por demorar para utilizar o método escolhido ou até mesmo esquecem de utilizá-lo, sem falar nos episódios de vômitos pós-ingestão de bebidas que podem comprometer a absorção e efetividade da pílula (5,6).
Sabe-se que o sentimento de culpa e a vergonha, muitas vezes, acabam por impedir que as mulheres busquem ajuda. Porém, é importante que elas estejam cada vez mais conscientes das consequências a curto e longo prazo para que possam consultar especialistas e obter apoio e tratamento quanto antes.
Quer saber mais sobre esse tema? Leia o artigo “Impactos do álcool na saúde da mulher”