O alcoolismo é uma doença crônica que traz prejuízos à sociedade e à saúde das pessoas nas mais diferentes idades. Nos idosos, o abuso de álcool pode agravar as perdas normais do envelhecimento, comprometendo as vias neurais associadas ao sistema de recompensa, cognição, emoção e motricidade.
Estudo recente1 se propôs a verificar o grau de comprometimento motor e funcional em idosos que fazem o uso crônico de bebidas alcoólicas. Assim, 60 idosos foram submetidos à análise do perfil de consumo de álcool, da função motora e da qualidade de vida. Foram divididos, de acordo com Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) em: grupo-controle (sem dependência da substância) e grupo-estudo com dependência. A função motora foi avaliada pelo teste de Berg, caminhada de 6 minutos e escala motora para idosos (Motor Scale for Elderly - MSE). A qualidade de vida foi analisada pelo instrumento SF-36 (36-Item Short-Form Health Survey) nos aspectos físicos, sociais e mentais.
Os resultados indicaram que o alcoolismo em idosos está associado a limitações físicas significativas, com pior capacidade funcional para marcha e outras dimensões da função motora, como habilidade motora fina, coordenação global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal, e aptidão motora geral. Além das limitações físicas ocasionadas pelo uso nocivo do álcool, a qualidade de vida nos aspectos físico, mental e social também está prejudicada.
As perdas funcionais motoras aumentam a incidência de quedas, que, associadas à osteoporose comum nessa fase da vida, acabam provocando fraturas, com agravamento das incapacidades motoras. A ocorrência de fraturas de quadril em idosos que fazem uso pesado de álcool é maior do que nos que não utilizam essa substância2,3.
Para além dos prejuízos motores, o consumo nocivo do álcool agrava alguns dos problemas, frequentemente vistos nos idosos, como depressão, déficits cognitivos e outros.
Há necessidade de ações que ajudem o idoso a compreender e controlar o consumo de bebidas alcoólicas. É importante reduzir as quantidades para prevenir a dependência e não associar bebidas alcoólicas com medicamentos, mitigando assim as consequências do abuso do álcool na saúde e capacidade funcional.