As populações em todo o mundo estão envelhecendo rapidamente. Saiba como a OMS está organizando estratégias para fazer com que este envelhecimento seja mais saudável.
O envelhecimento da população, um fenômeno global sem precedentes, tornou-se uma grande preocupação para a saúde pública, impactando significativamente a epidemiologia de doenças e onerando os sistemas de saúde. Um estudo recente revelou que, em 2017, 51% da carga global de doenças em adultos estava relacionada à idade, especialmente doenças cardiovasculares e neoplasias [1]. O envelhecimento pode levar à perda progressiva da integridade física, mental e cognitiva, resultando em funções prejudicadas e maior vulnerabilidade a doenças e morte.
Utilizando dados de 2000 a 2020, o estudo "Demographic shifts and health dynamics: Exploring the impact of aging rates on health outcomes in Brazilian capitals" [2] investigou a relação entre as mudanças demográficas, particularmente o envelhecimento populacional, e os resultados de saúde nas capitais brasileiras. O estudo explora como o envelhecimento da população e outras variáveis socioeconômicas influenciam indicadores de saúde, como mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e hospitalizações por condições sensíveis à atenção primária (CSAP), ou seja, condições de saúde que podem ser tratadas em unidades básicas de saúde e que, caso não o sejam, podem levar à hospitalização; um exemplo comum de CSAP é a hipertensão.
Os resultados mostraram que entre os homens, as taxas de envelhecimento da população estiveram associadas a maiores ocorrências de excesso de peso e diabetes, enquanto nas mulheres, vários fatores, incluindo tabagismo, consumo excessivo de álcool, hipertensão, diabetes e obesidade, estiveram associados a maiores taxas de envelhecimento populacional.
O aumento observado nas taxas de envelhecimento da população em todas as regiões brasileiras, principalmente no Sul e no Sudeste, reflete uma transformação demográfica intensa. As capitais com maior envelhecimento populacional também apresentam maiores taxas de mortalidade por DCNT e hospitalizações por CSAP. As desigualdades em saúde entre as capitais brasileiras também estão aumentando, com as cidades mais pobres apresentando piores resultados de saúde.
Esta tendência reflete padrões globais já destacados pelas Nações Unidas, indicando potenciais tensões na saúde pública e nos sistemas de saúde à medida que as populações envelhecem. Implementar políticas de saúde pública direcionadas para atender às necessidades da população idosa é um grande desafio neste cenário. Com a expansão da população idosa, haverá um aumento da procura de serviços de saúde. Os sistemas de segurança social também podem enfrentar pressão à medida que a disparidade entre trabalhadores e aposentados aumenta. O preparo político é fundamental para enfrentar estas questões. Os investimentos em cuidados de saúde preventivos para os idosos, juntamente com iniciativas de desenvolvimento da força de trabalho, podem ajudar a aliviar o impacto do envelhecimento da população.