Entenda como o álcool age no organismo em relação ao desempenho sexual Não é raro notar a associação entre sexo e álcool, seja nas redes sociais, nas mídias, nas festas e ambientes de socialização. Sempre, enfatizando a ideia de que a bebida é um ingrediente afrodisíaco para as relações sexuais. Afinal, o álcool pode aumentar a libido ou melhorar o desempenho sexual? O álcool é um depressor do sistema nervoso central. Uma ou duas doses podem provocar uma sensação de bem-estar e relaxamento, inicialmente. A pessoa pode ficar mais desinibida e autoconfiante, com a impressão de que a bebida ajuda na conquista de um parceiro ou ficar mais à vontade na cama. Mas, com o aumento do número de doses e da concentração de álcool no sangue, cresce o risco de piora do desempenho sexual. Bebida alcoólica em excesso diminui a libido e pode levar a comportamentos de risco, como o sexo desprotegido. Estudos mostram que o álcool tem efeitos fisiológicos e psicológicos contraditórios. Pode criar a sensação ou expectativa de maior desejo sexual, mas compromete, de forma negativa, o desempenho, como no velho dilema shakespeariano: “Lechery, sir, it [drink] provokes, and unprovokes: it provokes the desire, but it takes away the desempenho” (A luxúria, (bebida), senhor, provoca e não provoca: provoca o desejo, mas retira o desempenho”). Embora a expectativa de melhora do desempenho sexual com a ingestão de bebida alcoólica possa causar um efeito placebo no desempenho masculino1, o uso abusivo de álcool diminui a excitação e a capacidade de ereção2. Nas mulheres, ocorre um fenômeno parecido: embora relatem aumento na excitação sexual após beber, na verdade, há diminuição fisiológica da excitação genital induzida pelo álcool em altas dosagens3. Quanto ao orgasmo, poucos são os estudos disponíveis, que mostram menos orgasmos e mais inconsistentes nas mulheres e inibição nos homens2. O consumo crônico e a dependência de álcool estão relacionados a disfunções sexuais como disfunção erétil, desejo sexual hipoativo e ejaculação precoce ou retardada2. O uso nocivo de álcool exacerba os comportamentos sexuais de risco e aumenta a probabilidade da ocorrência de relações sexuais sem preservativo com parceiros não estáveis4,5, maior exposição às doenças sexualmente transmissíveis (DST) e relações não consensuais. A bebida alcoólica em excesso não ajuda no bom desempenho sexual, falso mito que precisa ser combatido.