Uso nocivo do álcool pode afetar várias partes do corpo, provocando doenças como câncer, pancreatite, entre outras O consumo excessivo e continuado de álcool aumenta o risco para complicações de saúde. Os efeitos do álcool sobre cada indivíduo são diferentes e dependem de uma série de fatores, mesmo quando consumido em quantidades iguais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não existe um padrão de consumo de álcool seguro e livre de riscos. Quando o uso de álcool assume um papel de destaque na vida do indivíduo, ocorrendo com muita frequência e em quantidades maiores que planejado, pode-se estar diante de um quadro de alcoolismo. Por outro lado, a reconhecida instituição americana NIAAA – National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism considera as diferenças entre aos sexos em suas recomendações. Assim, orienta que homens não bebam mais do que quatro doses em um único dia, limitando-se a 14 doses por semana; para as mulheres, assim como para os idosos, a recomendação é limitar-se a 3 doses por dia, não ultrapassando 7 por semana. Vale ressaltar que aqui, considera-se como referência o conceito de dose padrão que, no Brasil, equivale a 14 g de álcool puro. O alcoolismo é decorrente do uso repetido ou contínuo de bebidas alcoólicas. Sua principal característica é um forte impulso interno, que se manifesta pela capacidade prejudicada de controlar o consumo do álcool, aumentando sua prioridade em relação a outras atividades, além de levar o dependente a persistir no uso, apesar dos danos à saúde e de consequências negativas. Veja a seguir 10 danos que o uso nocivo de álcool pode trazer para a saúde, como doenças do fígado, problemas gastrointestinais, pancreatite, neuropatias periféricas, problemas cardiovasculares, prejuízos cerebrais, imunológicos, anemias, osteoporose e câncer. Doenças do fígado O álcool é metabolizado pelo fígado e, por isso, esse órgão tem grande potencial de ser lesionado. A doença alcoólica de fígado é diretamente influenciada pela quantidade consumida de bebidas alcoólicas e pelo uso crônico. Estima-se que entre 90% e 100% dos bebedores pesados crônicos desenvolvam doença hepática gordurosa (acúmulo de gordura no fígado) como consequência precoce e ainda reversível. Mas, com a continuidade do consumo, o álcool pode causar a hepatite alcoólica. Até 40% desses casos podem evoluir para cirrose, inflamação crônica irreversível do fígado que altera sua capacidade de funcionar adequadamente. Os sintomas da insuficiência hepática, como náuseas e vômitos, redução de apetite, amarelamento da parte branca dos olhos e da pele, e maior propensão a sangramentos, só aparecem quando um grande e irreversível dano ao órgão já ocorreu. Já os sinais, que podem ser identificados com exames complementares, como alteração de enzimas hepáticas, e das frações de proteínas, são alterados anteriormente. Problemas gastrointestinais O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode causar lesões e inflamação no aparelho digestivo, como esôfago e estômago, provocando sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, como azia e dor na porção superior do abdômen. Além disso, o álcool interfere na secreção do suco gástrico produzida pelo estômago e no tempo de esvaziamento estomacal, interferindo na digestão e levando ao risco de desenvolvimento de úlceras. Pancreatite A pancreatite aguda é um quadro inflamatório grave que, muitas vezes, exige atendimento médico emergencial para controle dos sintomas, como dor abdominal intensa. A repetição de quadros de pancreatite aguda pode levar à pancreatite crônica, com mau funcionamento do pâncreas de forma irreversível, o que causa outros problemas para a saúde. O abuso de álcool é a principal causa de pancreatite. Em geral, ocorre com o passar de 5 a 10 anos de consumo pesado e mantido. Como consequência, sabe-se que a taxa de mortalidade de pacientes com pancreatite alcoólica é cerca de 36% mais elevada do que para a população geral. Neuropatia periférica Aproximadamente 10% dos indivíduos alcoolistas desenvolvem um quadro de deterioração do funcionamento dos nervos dos pés e das mãos, resultando em sintomas de dormência, formigamento e outras alterações de sensibilidade. Os sintomas podem melhorar com a abstinência do álcool. Problemas cardíacos e vasculares O uso pesado de álcool aumenta a liberação de hormônios relacionados ao estresse que atuam na contração de vasos sanguíneos e influenciam na pressão arterial, podendo causar hipertensão. Além disso, o consumo pesado por período prolongado de álcool também leva ao aumento da fração nociva do colesterol (conhecido como LDL) e triglicerídeos, e à alteração no funcionamento de plaquetas. Assim, eventos como arritmias, inflamação do músculo cardíaco (miocardiopatia) e infartos agudos são consequências possíveis do alcoolismo. Assim como as artérias do coração são prejudicas pelo beber pesado e crônico, artérias de outros órgãos do corpo também podem ser afetadas, como as do cérebro, aumentando o risco para o acidente vascular cerebral (AVC). Prejuízos cerebrais O álcool atua como depressor do sistema nervoso central, interferindo diretamente em mecanismos cerebrais. Seu uso excessivo pode causar dificuldades no raciocínio, como resolução de problemas simples, além de alterar o senso de perigo e o comportamento. Problemas de insônia e má qualidade do sono, com sensação de um sono “fragmentado”, são queixas comumente associadas ao uso abusivo de bebidas alcoólicas. O uso pesado e crônico pode prejudicar ainda o equilíbrio e a coordenação motora, devido ao seu efeito tóxico no cerebelo, além da diminuição dos reflexos, aumentando as chances de acontecerem quedas. Ainda, em indivíduos alcoolistas existe o risco de quadros de demência. Deficiências vitamínicas, como a da vitamina B1 (tiamina), contribuem para o risco de demência alcoólica, um quadro grave e irreversível. Disfunções imunológicas Pode ocorrer enfraquecimento e prejuízo no funcionamento do sistema imunológico com o uso pesado crônico de álcool, aumentando o risco de infecções, como pneumonia e tuberculose. Tal padrão de consumo de álcool interfere na contagem de células brancas no sangue e altera a capacidade de combater infecções. Além disso, durante o período inicial de intoxicação alcoólica pode ocorrer um estado pré-inflamatório, o que aumenta a chance de complicações se houver algum acidente ou lesão, ou se o indivíduo apresentar alguma doença preexistente. Anemia Quadros de desnutrição relacionados ao uso pesado de álcool e por muito tempo, podem ocorrer tanto por adotarem dieta nutricionalmente pobre, como pela diminuída absorção de nutrientes no trato gastrointestinal. A deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar à anemia macrocítica ou megaloblástica. Neste quadro, a formação de glóbulos vermelhos (hemácias) fica alterada, levando a um pior funcionamento e capacidade de levar o oxigênio às células do corpo. Osteoporose O consumo crônico de álcool ao longo da vida pode influenciar na saúde dos ossos, especialmente no processo de mineralização óssea, aumentando o risco de desenvolvimento de osteoporose em idades mais avançadas e o de fraturas. Sabe-se ainda que o álcool pode interferir no equilíbrio metabólico do cálcio e na produção de vitamina D, o que pode contribuir para complicações ósseas. Para as mulheres, o consumo excessivo de álcool está relacionado ao maior aumento da perda óssea em todas as idades. Câncer O consumo pesado de álcool está associado a vários tipos de câncer, como de boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, colón, reto e de mama. Os agentes causadores não são todos conhecidos, mas sabe-se que, especificamente, o acetaldeído - um produto do metabolismo do álcool - pode ter efeitos cancerígenos. É importante reforçar que, para algumas pessoas, de acordo com idade, gênero e aspectos individuais de saúde, o consumo pesado e continuado de bebidas alcoólicas por muitos anos, mesmo que não seja diagnosticado como alcoolismo, pode estar relacionado às doenças mencionadas acima. Por isso, recomendamos que, se você optou por beber, não abuse e respeite os limites de consumo para evitar que sua saúde sofra com esses e outros danos decorrentes do uso nocivo do álcool.