Estudo publicado no JAMA Network Open mostrou que o consumo diário de álcool, mesmo que em poucas doses, não protege contra risco de mortalidade por todas as causas. Entenda. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe um padrão de consumo de álcool que seja absolutamente seguro. Mesmo assim, ainda se discute a possibilidade de o consumo moderado de álcool, ou até mesmo um consumo mais baixo, ser um fator protetor para algumas doenças, principalmente para as cardiovasculares. No entanto, um estudo publicado nos últimos dias pela revista científica JAMA Network Open mostrou que, o consumo diário de álcool, mesmo que em poucas doses, não está associado à proteção contra o risco de mortalidade por todas as causas. Além disso, mostrou que para as mulheres o risco de mortalidade pode ser maior. O objetivo do estudo foi investigar a associação entre o uso de álcool e todas as causas de mortalidade através de 107 estudos epidemiológicos selecionados (totalizando mais de 4,8 milhões de participantes) publicados de 1980 a 2021, a fim de comparar distinções entre abstêmios e bebedores, principalmente com relação idade, sexo e padrão de consumo utilizando bebedores ocasionais (que bebiam até 1 dose por semana) como referência de comparação. A meta-análise realizada no estudo não encontrou uma redução significativa do risco de mortalidade por todas as causas entre bebedores ocasionais (que consumiam até 1,3g de etanol por dia) ou bebedores de baixo consumo (que consumiam de 1,3g a 24g por dia) em comparação com os não bebedores ao longo da vida. Contudo, relatou um aumento (não significativo) do risco de mortalidade por todas as causas entre bebedores que ingeriram de 25g a 44g de etanol por dia e um aumento significativo do risco para bebedores que consumiam de 45g a 64g e 65g ou mais por dia. Por fim, o estudo também apontou riscos significativamente maiores de mortalidade entre mulheres que bebiam a partir de 25g ou mais em comparação com mulheres que não bebiam. Algumas limitações neste trabalho precisam ser consideradas como o fato de que o consumo de álcool, em muitos estudos, foi avaliado em apenas um único momento e que grande parte do consumo de álcool relatado nos estudos selecionados eram do tipo autorrelato, o que provavelmente pode ter falseado ou sub-relatado a quantidade real consumida. Além disso, erros na classificação dos bebedores também foram encontrados, como por exemplo, com relação à classificação de bebedores abstêmios, onde não fica claro se o grupo se refere a ex-bebedores ou indivíduos que não consumiram álcool ao longo da vida. Mesmo assim, este estudo consegue desmistificar a ideia de que beber todos os dias faz bem para a saúde. “O consumo diário de álcool, mesmo em pouca quantidade, pode não estar associado à proteção contra o risco de mortalidade por todas as causas. Isso reforça a necessidade de conscientização sobre os riscos do consumo excessivo de álcool e a importância de se adotar um estilo de vida saudável.”, destaca a psiquiatra Olívia Pozzolo, pesquisadora médica do CISA. Veja também Aplicativos ajudam a diminuir o consumo nocivo de álcool?