Estudo realizado por pesquisadores da UFMG e Unifesp aponta que a maioria dos adolescentes brasileiros têm entre dois ou mais fatores de risco para desenvolver doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Consumo de álcool está entre eles. Os comportamentos de risco à saúde podem surgir ou se intensificar durante a fase da adolescência, expondo os indivíduos a um risco ainda maior de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). E, a probabilidade de apresentar múltiplos fatores de risco à saúde também aumenta ao longo da vida, estando associada a características sociodemográficas que contribuem para sua escalada e gravidade. É o que revela o estudo1 realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado na BMC Pediatrics, que analisou a associação entre características sociodemográficas e múltiplos fatores de risco comportamentais para DCNTs em adolescentes brasileiros. A análise usou os dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE, 2019), com uma amostra de mais de 121 mil adolescentes. A pesquisa incluiu escolares de 13 a 17 anos, que estavam matriculados e frequentavam regularmente o 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental e o 1º ao 3º ano do Ensino Médio. Os resultados do estudo mostraram que mais de 80% dos adolescentes apresentaram dois ou três fatores de riscos comportamentais para DCNTs e que apenas 3,9% dos adolescentes não apresentaram fatores de risco. Além disso, os adolescentes mais velhos, principalmente os que residiam na região Sudeste do Brasil e aqueles com autopercepção de saúde, foram considerados com maior probabilidade a fatores de riscos para DCNTs. Os fatores de risco comportamentais mais prevalente entre os adolescentes foram: Falta de atividade física (71,5%); Ingestão irregular de frutas e vegetais (58,4%); Sedentarismo (54,1%); Consumo regular de guloseimas (32,9%); Consumo de bebidas alcoólicas (28,1%); Consumo regular de refrigerantes (17,2%); Tabagismo (6,8%). Segundo o estudo, uma análise comparativa entre as edições da PeNSE de 2015 e 2019 apontou uma redução no consumo de frutas e vegetais, diminuição da atividade física e aumento de episódios de embriaguez entre adolescentes. O uso crescente de produtos alternativos de tabaco, como narguilé e cigarros eletrônicos e o alto consumo de alimentos ultraprocessados entre jovens também foi citado como motivo de preocupação em todo o país. O Brasil enfrenta grandes desafios na promoção da saúde entre a população adolescente. Há uma necessidade urgente de abordagens dinâmicas e proativas que capacitem os jovens e adolescentes a assumir a responsabilidade por sua saúde. Ao mesmo tempo, a implementação de políticas públicas e educacionais é crucial para adotar melhores estilos de vida e saúde.