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Tratamento farmacológico da dependência do álcool

07 Outubro 2004

Artigo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria faz uma revisão dos conhecimentos acerca do uso de naltrexone, dissulfiram e acomprosato no tratamento da dependência do álcool.

Os autores iniciam o artigo enfatizando a importância atual do uso de medicamentos para o tratamento do alcoolismo. "Durante vários anos, as intervenções farmacológicas (IF) ficaram restritas ao tratamento da Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA) e ao uso de drogas aversivas. Nos últimos 10 anos, a naltrexona e o acamprosato foram propostos para o tratamento da Síndrome de Dependência do Álcool como importantes intervenções adjuvantes ao tratamento psicossocial".

Os autores elaboraram um quadro resumo com as principais informações sobre os três medicamentos abordados:

 

Dissulfiram

Naltrexona

Acomprosato

Definição

Sensibilizante ao álcool.

Antagonista de opióides.

Co-agonista de receptores de glutamato (NMDA).

Mecanismo de ação

Inibidor da enzima aldeído-desidrogenase.

Bloqueio dos receptores de opióides.

Bloqueio da excitabillidade glutamatérgica.

Posologia

Dose inicial: 500 mg/dia durante 14 dias.

Dose manutenção: 125 a 250 mg/dia.

Dose inicial: 25 mg/dia durante dois dias.

Dose mantenção: 50 mg/dia.

Dose para pacientes com mais de 60 Kg: 1998 mg/dia.

Dose para pacientes com menos de 60 Kg: 999 mg/dia.

Contra-indicações

Cirrose, insuficiência hepática, epilepsia, gravidez.

Cirrose, insuficiência hepática, dependência de opióides e gravidez.

Insuficiência hepática, Child Pugh C e gravidez.

Efeitos adversos

Rush cutâneo, disfunção sexual, acne, fadiga, gosto metálico na boca.

Náusea, vômitos, cefaléia, perda de peso.

Cefaléia, diarréia, rush cutâneo, náuseas.

Recomendações

Monitorização da função hepática. Introdução apenas após um período de abstinência de 24 a 48 horas. Evitar fontes de álcool (inclusive de uso tópico)

Monitorização da função hepática.

Insistir na tomada correta das medicações. Monitorização das funções hepáticas é recomendada.

Existem ainda, segundo os autores, dois outros medicamentos, em fase de aprovação, que têm demonstrado potencial de uso para o tratamento do alcoolismo: topiramato e ondansetron.

O topiramato reduz a propriedade de reforço positivo associado ao uso de álcool. O ondansetron tem sido proposto para pacientes dependentes de início precoce com bons resultados em termos da redução do consumo.

As conclusões a que chegaram os autores são que o acamprosato e naltrexona são "importantes recursos farmacológicos no tratamento da síndrome de dependência de álcool" e que os outros três medicamentos apresentam resultados promissores. Afirmam também que o "tratamento farmacológico das dependências químicas como um todo não deve ser a estratégia terapêutica principal, visto que inúmeros outros fatores, além dos biológicos, perfazem estas doenças, mas deve ser pensado como uma importante ferramenta médica na melhor abordagem dos pacientes".

Additional Info

  • Autor(es): L.A. Castro e D.A. Baltieri
  • Fator de impacto da revista: 0.0161
  • Título(s) original(is): Tratamento farmacológico da dependência do álcool
  • Fonte:

    Revista Brasileira de Psiquiatria, 2004; 26 (Suppl I):43-46 (http://www.scielo.br/scielo.php:pid-1516-4446&script=sci_serial)

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