O uso de álcool está relacionado a uma ampla gama de danos físicos, mentais e sociais.
Pesquisa norte-americana sugere que beber pouco ou moderadamente pode ter efeitos protetores das funções cognitivas entre adultos de meia-idade e idosos.
Os resultados de um estudo publicado em junho na revista científica Jama Network Open indicam que o consumo leve a moderado de álcool pode atenuar o declínio cognitivo relacionado ao envelhecimento. A partir dos dados do estudo longitudinal Health and Retirement Study (HRS), uma pesquisa investigou o consumo de álcool e o declínio das funções cognitivas – linguagem, memória, atenção e percepção - relacionado à idade entre adultos de meia idade e idosos norte-americanos. No total, 19.887 pessoas participaram do estudo, que contou com três levantamentos bienais realizados entre 1996 e 2008. A média de idade dos participantes era de 61,8 anos, sendo a maioria do sexo feminino (60,1%).
O funcionamento cognitivo foi avaliado por meio de testes de recordação de palavras, estado mental e vocabulário. Já o consumo de álcool foi mensurado a partir das perguntas: “Você já tomou alguma bebida alcoólica, como cerveja, vinho ou destilado?”; “Nos últimos 3 meses, em média, em quantos dias por semana você bebeu?”; e "Nos últimos 3 meses, nos dias em que você bebeu, quantas doses você consumiu?". A partir das respostas, os participantes foram categorizados como:
A seguir, os bebedores atuais foram classificados de acordo com seu padrão de consumo (frequência e volume ingerido). Uso leve a moderado foi considerado como aquele abaixo de 8 doses por semana para mulheres ou abaixo de 15 doses por semana para homens; acima desses níveis foi considerado uso pesado. Fatores como idade, sexo, etnia, escolaridade, estado civil, tabagismo e índice de massa corporal foram considerados nas análises.
Os resultados indicaram que o consumo leve a moderado de álcool estava associado a melhores resultados nos domínios avaliados (estado mental, recordação de palavras e vocabulário). Em comparação com os abstêmios, os participantes cujo consumo de álcool era leve a moderado apresentaram taxas mais lentas de declínio cognitivo ao longo do tempo.
Esses dados sugerem que beber pouco ou moderadamente pode ter efeitos protetores das funções cognitivas, apesar de ainda não serem esclarecidos os mecanismos subjacentes a essa associação. Os autores da pesquisa ainda reforçam que campanhas de saúde pública ainda são necessárias para reduzir o consumo de álcool entre norte-americanos adultos de meia-idade e idosos, especialmente entre homens, considerando que o consumo nocivo está associado a danos nessas funções cognitivas e a outros prejuízos para a saúde.