Comum em pessoas de ascendência asiática, a síndrome do rubor facial continua sem cura definitiva, mas com potenciais remédios paliativos que podem ajudar a mitigar alguns dos sintomas. A enzima aldeído-desidrogenase 2 (ALDH2) possui um importante papel no metabolismo do álcool em nosso organismo, pois atua como catalisadora no processo de oxidação do acetaldeído (substância tóxica resultante da metabolização do etanol) para acetato, diminuindo a concentração e os efeitos tóxicos do acetaldeído. Cerca de 40% da população do Leste Asiático apresenta um polimorfismo desta enzima que acaba por gerar uma variante inativa (ALDH2*2), acarretando aos portadores do gene da enzima ALDH2*2 um acúmulo do acetaldeído no sangue após a ingestão de álcool. Essa reação, também conhecida como “síndrome asiática do rubor facial induzida pelo álcool”, pode ser ocasionada após o consumo de uma única dose de bebida alcoólica e seria responsável pelo padrão de aversão ao álcool observado entre indivíduos portadores desse polimorfismo.Um grupo de pesquisadores dos EUA descobriu uma nova molécula, denominada Alda-1, capaz de tornar a enzima ALDH2*2 ativa. De acordo com o estudo publicado na revista Nature and Structural and Molecular Biology1, a molécula Alda-1 possui tanto a propriedade de aumentar a produtividade da interação enzima-substrato, quanto de proteger a enzima ALDH2*2 da sua inativação, levando a uma restauração da propriedade catalítica desta enzima. Através da descrição da estrutura molecular e do processo envolvido na “reativação” da ALDH2*2, estudos como este poderão facilitar a descoberta de novas estratégias farmacológicas para o tratamento de pessoas que apresentam a versão inativa da enzima aldeído-desidrogenase.Apesar da mutação genética que dá origem à enzima deficiente estar associada a um menor risco para o desenvolvimento da dependência alcoólica, os portadores da variante genética também apresentam maior risco para doença de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas, além de um risco aproximadamente 100 vezes maior de câncer no esôfago. A síndrome, ainda sem cura, continua sendo objeto de estudo. Em 2020, um ensaio clínico com 20 participantes de descendência asiática concluiu que o uso paliativo de brimonidina pode reduzir o rubor facial produzido pela síndrome2. É importante ressaltar que nenhum medicamento deve ser utilizado sem prescrição médica.