Estudos que buscam definir padrões de consumo de álcool e seus riscos costumam categorizar os limites de acordo com o sexo. Isso ocorre porque o organismo feminino tem, na média, menor quantidade de água (total e percentual) e menor quantidade de enzimas que metabolizam o álcool. Desse modo, bebendo menos álcool, pessoas do sexo feminino conseguem atingir concentrações de álcool no sangue similares ao que é observado em pessoas do sexo masculino.
No que se refere ao gênero, também foram observadas diferenças nas maneiras como homens e mulheres consomem álcool; tais estudos, contudo, focam-se em populações cisgênero, isto é, pessoas cuja identidade de gênero (“homem” ou “mulher”) está em conformidade com a identidade de gênero socialmente atribuída ao sexo biológico; pessoas transgênero, por sua vez, são aquelas cuja identidade de gênero está em oposição ao gênero socialmente atribuído ao sexo biológico. Uma revisão da literatura científica feita em 2018 aponta a necessidade de estudos com foco em minorias de gênero para que se possa compreender melhor os limites e os efeitos do consumo do álcool em pessoas transgênero e outras populações com inconformidade de gênero1.
Contudo, embora não existam padrões definidos de consumo para estas minorias de gênero, existem algumas recomendações de prudência que podem ajudar a pautar o consumo. Estas recomendações devem levar em considerações tanto aspectos fisiológicos quanto psicológicos. Nesse sentido, as recomendações são as seguintes:
1 – Homens e mulheres transgênero que estejam passando por terapia hormonal devem seguir a recomendação de “álcool zero”, pois o consumo de álcool pode interferir no tratamento e colocar a pessoa em maior risco de transtornos relacionados ao uso de álcool2.
2 – É recomendável que homens e mulheres transgênero que não estejam fazendo terapia hormonal, e que desejam beber, consumam o máximo de uma dose de álcool por ocasião. Esta recomendação pauta-se no que é indicado a outras populações com maior risco, como idosos e pessoas do sexo feminino. Reitera-se a carência de estudos e guias para prover o melhor cuidado e recomendação para a população transgênero1,3.
Cabe lembrar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe um padrão de consumo de álcool que seja absolutamente seguro4. As recomendações de consumo, para pessoas cis ou trans, visam diminuir os riscos, e não os eliminar.
Se quiser saber mais sobre consumo moderado, veja nosso artigo sobre o assunto.