Entenda quais são as causas, quando surge e quais são os principais sintomas da ressaca. A ressaca é uma “combinação de sintomas mentais e físicos que podem ser experimentados no dia seguinte a um episódio de consumo de álcool, começando quando a concentração de álcool no sangue (CAS) se aproxima de zero”1. A causa desses sintomas é atribuída, principalmente, ao acetaldeído, principal produto da metabolização do álcool2,3. Estudos apontam que o número de pessoas que sofrem de ressaca é alto: 78% de prevalência ocorre entre todos os tipos de bebedores4. Já entre os bebedores pesados, a incidência é ainda maior: 90% dos que declararam beber neste padrão (definido pelo estudo5 como o consumo de 5 ou mais doses em uma única ocasião) haviam sofrido com esse problema. A quantidade de álcool ingerida está diretamente relacionada aos sintomas da ressaca. Uma revisão da literatura científica6 sugere que ela pode ocorrer após qualquer quantidade de álcool, mas que é mais provável quando um indivíduo bebe substancialmente mais do que costuma em ocasiões que não resultam em ressaca. Veja na tabela abaixo a relação aproximada entre CAS, número de doses e os efeitos do álcool no organismo: Quando começam e quais são os sintomas da ressaca? Os sintomas da ressaca costumam ter início cerca de 6 a 8 horas após a ingestão de bebidas alcoólicas e podem durar, em média, até 24 horas. Nesse período, podem ocorrer diversas reações no corpo, como dor de cabeça, problemas de concentração, tontura, tremores, falta de apetite, ansiedade, irritabilidade e outras como: Desidratação, que causa sede, sensação de boca seca, e dores musculares decorrentes da perda de eletrólitos; Aumento da produção de suco gástrico que pode causar irritação gastrintestinal e resultar em dor abdominal, náusea e vômitos. Hipoglicemia induzida pelo álcool, que pode afetar o funcionamento cerebral, levando ao cansaço e mudanças de humor observados na ressaca. Alterações no padrão do sono, bem como na sua qualidade, levando à fadiga e a alterações no ritmo circadiano. A intensidade dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de características fisiológicas (estrutura física, sexo, vulnerabilidade genética, idade e condição de saúde), aspectos do beber (quantidade e frequência, qualidade da bebida e ingestão de água e alimentos) e do contexto do consumo (beber em grupo ou em ambientes que estimulam o consumo).2 Diversos fatores influenciam a gravidade dos sintomas, entre eles: Efeitos diretos do álcool: desidratação, desequilíbrio eletrolítico, perturbações gastrointestinais, diminuição do açúcar no sangue, prejuízos no sono; Abstinência de álcool: diversas evidências sugerem que a ressaca seja uma manifestação leve de síndrome de abstinência do álcool em pessoas não dependentes de álcool; Componentes genéticos, incluindo histórico de dependência de álcool na família; Presença de congêneres na bebida: subprodutos do processo de fermentação, como o metanol, e outros aditivos, como o zinco - utilizado como adoçante artificial ou para realçar o sabor das bebidas - podem agravar a ressaca; Uso de outras drogas. Existe cura ou tratamento? Estudos apontam que alguns componentes da dieta demonstram influenciar no metabolismo do álcool potencialmente afetando o desenvolvimento de uma ressaca. Suplementos dietéticos como o ácido nicotínico e o zinco desempenham um papel fundamental na oxidação do etanol em acetaldeído. Substâncias como o extrato natural proveniente da madeira de carvalho francês e o extrato etanólico padronizado de folhas de Phyllanthus amarus têm se mostrado promissores no alívio dos sintomas da ressaca bem como na melhora do humor de bebedores sociais. Porém, apesar dos resultados promissores desses estudos, é importante ressaltar que não há tratamento e nem cura milagrosa para a ressaca. Logo, a melhor alternativa para evitar os prejuízos associados ao consumo abusivo de álcool e à ressaca é a abstenção ou o consumo moderado. Se, apesar de todos os alertas, houver abuso ou excessos, a melhor opção é aguardar o processo de metabolização do organismo e, em casos mais graves, buscar apoio de um médico ou especialista. Veja também a nossa série informativa TUDO SOBRE RESSACA