O verão é a estação do ano preferida por muitos brasileiros, pois é sinônimo de férias, praia, calor e sol. Durante este período, aumentam as atividades ao ar livre e, muitas vezes, os cuidados com a pele podem acabar em segundo plano.
A pele é o maior órgão do corpo humano e atua como uma barreira protetora contra agentes do meio ambiente, como microrganismos, sendo também responsável por funções essenciais como a regulação térmica e funções sensoriais como tato, frio, calor e dor. Contudo, essa barreira protetora pode ser “danificada” por vários fatores como: exposição aos raios ultravioletas (UV), uso de tabaco, consumo excessivo de álcool, poluição do ar etc.
Sabendo que a pele representa uma barreira para o meio ambiente e, portanto, está exposta a fatores nocivos, é importante observar o quanto o seu sistema de defesa natural pode ser comprometido pelo consumo excessivo de álcool. A defesa natural da pele humana ocorre com base na ação de diferentes substâncias antioxidantes, que são capazes de neutralizar os radicais livres, como os carotenóides (beta-caroteno, licopeno, luteína e zeaxantina), vitaminas (A, C, D e E), enzimas (superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase) e outros (selênio e coenzima Q10), os quais funcionam como uma “rede de proteção”1,2.
Um estudo realizado na Alemanha mostrou que o consumo de álcool pode diminuir a eficiência da proteção desta rede antioxidante, aumentando o risco de queimadura solar na pele humana. O estudo avaliou a concentração de carotenóides na pele de seis participantes homens, antes e após o consumo de álcool ou consumo de álcool e suco de laranja combinados. Os resultados mostraram uma diminuição significativa na concentração desses antioxidantes na pele dos participantes após o consumo de álcool, mas nenhuma diminuição significativa após a ingestão combinada de álcool e suco de laranja. Além de sugerir que o consumo de álcool é um fator de risco para queimaduras solares, o estudo também concluiu que seu uso combinado a bebidas antioxidantes, pode atenuar os danos oxidativos à pele induzidos pelo álcool3.
Mas isto não quer dizer que a caipirinha de laranja está liberada: estudos também sugerem que o consumo excessivo de álcool, além de ser um fator de risco para queimaduras solares, está associado ao risco de câncer de pele não melanoma e melanoma. Quando o etanol das bebidas alcoólicas é convertido em acetaldeído, este serve como um fotossensibilizador, gerando a produção de espécies reativas do oxigênio após exposição à radiação UV que, por sua vez, induzem danos oxidativos ao DNA. Portanto, a combinação de álcool e exposição aos raios UV pode potencializar tanto a iniciação quanto a promoção de atividades de carcinogênese4.
A exposição aos raios UV é um dos principais fatores conhecidos de envelhecimento da pele, mas estudos mostram que outros fatores como o uso de tabaco e a alta ingestão de álcool também podem influenciar neste envelhecimento. Um estudo realizado com mais de 3 mil mulheres dos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido, com idade entre 18 a 75 anos, mostrou que tanto o tabagismo quanto o uso de álcool (mais de 8 doses por semana), impactaram significativamente, mas de forma diferenciada, o envelhecimento facial relacionado ao volume e à pele5.
Apesar de ser um órgão tão importante, muitas vezes deixamos o cuidado com a pele a desejar. Assim, o melhor caminho para ter uma pele mais saudável é reforçar a hidratação, manter uma rotina de cuidados (usando protetor solar e hidratantes), ter uma boa noite de sono e uma alimentação saudável. E se optar pelo consumo de álcool, beba com moderação e tenha alguns cuidados durante o consumo, como intercalar a ingestão de água entre as doses e não beber de estômago vazio.
Cuide-se!