O consumo nocivo de álcool custa muito caro para a saúde, tanto a própria quanto a de outras pessoas. Todavia, muitos locais de venda de álcool lucram com essa forma exagerada de consumo. Um estudo de 2019, realizado na Dinamarca, analisou quais as estratégias que bares e boates utilizavam para fazer com que seus clientes bebessem mais1.
As estratégias foram bastante variadas, mas todas contribuíram para o aumento do consumo. Elas iam desde o tamanho dos copos, passando pela maneira como o garçom se relacionava com os clientes e, obviamente, estavam também na política de preços adotada pelo estabelecimento. Os locais que pareciam mais adotar estas estratégias foram os que tinham clientela mais jovem, levando os autores a alertar que “estabelecimentos direcionados a pessoas mais jovens parecem ser construídos como atmosferas de consumo onde os indivíduos são seduzidos e compelidos a beber álcool” 1.
De fato, estratégias de “open bar” e “happy hour” costumam ser mais direcionadas para o público de jovens adultos. Um estudo de 2021, feito com universitários e intitulado “A economia comportamental do copo sem fundo”2 (do inglês “The behavioral economics of the bottomless cup: The effects of alcohol cup price on consumption in college students”) mostrou que o preço de um copo de álcool que poderia ser feito de refil (ou seja, ser reabastecido o quanto a pessoa quiser, como no esquema de open bar) era determinante para que mais jovens se mostrassem dispostos a consumir: 75% dos jovens relataram estar dispostos a comprar copos de refil por até 5 dólares, percentual que se reduzia para 47% se o copo custasse 10 dólares. Os autores, com base nestes resultados, também alertam para os perigos de festas do tipo open bar (que em inglês, são mais conhecidas como “all you can drink”, que pode ser traduzido para “tudo o que você conseguir beber”).
Este problema também é grave no Brasil. Uma pesquisa brasileira de 2014 mostrou que festas open bar eram um fator ambiental fortemente associado com o padrão nocivo de consumo conhecido como “Beber Pesado Episódico” (BPE) e com intoxicação alcoólica3. Dados como estes salientam a importância do tema e a necessidade de medidas de prevenção que sejam capazes de lidar com a complexidade dos padrões e estratégias de consumo de álcool. Sabemos que o uso nocivo de álcool entre jovens está associado a diversos problemas e que estratégias que o encorajam precisam ser coibidas.