Um estudo recente analisou o uso de medicamentos para promover a abstinência de álcool em pacientes com dependência e cirrose decorrente do consumo[1]. Por meio de uma pesquisa englobando vários estudos, foi possível avaliar se os medicamentos reduziram o consumo ou promoveram a abstinência e se houve segurança quanto aos efeitos colaterais para pessoas com problemas no fígado.
O fígado, principal órgão responsável pelo metabolismo do álcool, sofre lesões devido ao consumo excessivo, caracterizando a doença hepática alcoólica. Esta pode variar desde alterações assintomáticas, como gordura no fígado (esteatose hepática), a hepatite alcoólica e cirrose alcoólica. O diagnóstico precoce e a abstinência são fundamentais na estratégia de tratamento da doença hepática alcoólica, especialmente em estágios iniciais, onde ainda não há danos irreversíveis e descompensação hepática[2].
A presença de cirrose alcoólica e suas complicações podem alterar a ação de medicamentos, impactando a segurança do uso e aumento dos efeitos colaterais. Portanto, as características da medicação e a maneira como é administrada devem sempre ser consideradas em pacientes cirróticos.
Uma vez que as opções de tratamento clínico são limitadas para melhorar a função hepática em pacientes com cirrose, a abstinência alcoólica é a intervenção terapêutica mais importante e comprovada[3]. No entanto, muitos pacientes têm dificuldade em alcançar a abstinência. As medicações aprovadas para o transtorno por uso de álcool incluem: naltrexona, que auxilia a reduzir o consumo excessivo de álcool; o acamprosato, que facilita a manutenção da abstinência; e o dissulfiram, que bloqueia o metabolismo do álcool pelo organismo, causando sintomas desagradáveis como náuseas e vermelhidão da pele. Outras medicações, como o baclofeno, gabapentina, sertralina e o topiramato, também são estudadas[4]. Entre eles, apenas o baclofeno demonstrou ser seguro e eficaz na manutenção da abstinência em indivíduos com doença hepática[5].
Buscando analisar os efeitos colaterais e eficácia de medicações em pacientes com cirrose ou doença hepática, mesmo com limitação pelo nível baixo de estudos encontrados, o estudo indicou que o uso das medicações pode aumentar a probabilidade de abstinência de álcool em 32% em comparação com placebo ou tratamento padrão. Além disso, o perfil de segurança desses medicamentos foi considerado adequado na maioria dos estudos, sugerindo que podem ser uma alternativa para o tratamento de pacientes com cirrose alcoólica. No entanto, é importante ressaltar a necessidade de mais pesquisas, especialmente em pacientes com doença hepática avançada, para confirmar esses achados e avaliar a segurança desses medicamentos nessa população vulnerável[1].
Portanto, se você ou alguém que conhece está lidando com o transtorno por uso de álcool e cirrose, é fundamental seguir as recomendações médicas. O tratamento adequado pode aumentar significativamente a qualidade de vida e a sobrevida.