O Carnaval já começou em muitas cidades do Brasil, com blocos e ensaios, e muitos foliões optam pelo consumo de bebidas alcoólicas. Nesse período, também cresce o perigo do consumo de bebidas ilegais. Álcool ilegal, também conhecido como álcool “não registrado”, abrange três grandes categorias de bebidas: caseiras ou artesanais fabricadas informalmente, bebidas falsificadas ou contrabandeadas e bebidas “substitutas”, que são inapropriadas para ingestão humana, como perfumes e produtos de limpeza. Basicamente, as bebidas ilegais são aquelas que, de alguma maneira, não seguem os padrões de qualidade e/ou de taxação exigidos por um país [1].
É importante distinguir os termos “álcool ilegal” e “não registrado”. Enquanto todo álcool ilegal é considerado não registrado, nem todo álcool não registrado é ilegal. Por exemplo, uma bebida alcoólica legal em um país, mas consumida em outro onde não é registrada, não é necessariamente ilegal. Ou seja, essas categorias são similares, mas possuem diferenças significativas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 25% do consumo de álcool no mundo é proveniente de fontes ilegais [2]. O álcool ilegal, ao não seguir normas sanitárias e tributárias, acarreta consequências econômicas e de saúde pública. Sua composição é variável e pode conter, além de etanol e água, resíduos de fermentação, aditivos, aromatizantes e subprodutos perigosos, como o metanol. O consumo de metanol pode causar graves problemas de saúde, incluindo dores de cabeça intensas, problemas de visão, cegueira, fraqueza muscular e tontura, podendo levar até à morte.
As bebidas alcoólicas podem ser adulteradas intencionalmente com metanol barato para aumentar o lucro e a potência das bebidas. Entre 2017-2019, foram notificadas aproximadamente 7.104 pessoas intoxicadas e mais de 1.888 mortes em 306 surtos registrados de envenenamento por metanol no mundo, com mais de 90% tendo ocorrido na Ásia, sendo as principais vítimas homens jovens [3]. Além disso, o metanol ocorre naturalmente na maioria das bebidas alcoólicas, originando-se da degradação da pectina durante a fermentação e pode atingir altas concentrações durante a destilação inadequada, particularmente em aguardentes de frutas (até 2,4% em volume) [3]. O máximo de metanol permitido nos destilados pela legislação brasileira é 20,0 mg/mL de álcool anidro.
Uma equipe de pesquisadores e engenheiros do Laboratório de Tecnologia de Partículas e do Hospital Universitário de Zurique criou um dispositivo para medir a quantidade de metanol em uma bebida alcoólica [3]. O dispositivo, que foi projetado para ser acessível à população, envia os dados coletados para um smartphone associado a um aplicativo que exibe os níveis de metanol e etanol na bebida. Ele também avisa se o nível estiver acima do limite. Mas, infelizmente, o dispositivo ainda não está disponível no mercado.
Sem identificação adequada, não é possível assegurar a originalidade da bebida, aumentando o risco de consumir produtos falsificados, adulterados ou até mesmo perigosos. Para evitar o consumo de álcool ilegal, considere as seguintes orientações:
- Fique atento a características atípicas na bebida, como odores estranhos, cores e consistência incomuns;
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado, sobretudo em comércios online;
- Examine a embalagem e o rótulo para verificar se as informações estão claras e completas. O lacre também deve estar intacto. Fique atento a rótulos impressos em má qualidade e com erros ortográficos. Uísque, gim, vodca e cachaça são as bebidas falsificadas com maior frequência;
- Prefira comprar de fontes confiáveis e com boa reputação;
- Informe-se sobre as marcas e produtos locais legítimos. Cuidado com marcas que você nunca viu;
- No Carnaval, fique muito atento a bebidas vendidas na rua, sobretudo drinks com misturas.
Divirta-se sempre com segurança!