Esse relatório, existente desde 2006, é feito nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Referente ao consumo de álcool pela população brasileira, o Vigitel apresenta os seguintes dados:
1 - Como está o consumo abusivo de álcool pela população brasileira em 2023?
O novo relatório Vigitel 2023 (com dados coletados de dezembro de 2022 a abril de 2023) aponta um aumento do consumo abusivo de álcool quando comparado com os anos anteriores. A população geral teve um aumento de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023. Entre pessoas do sexo masculino, este aumento foi de 25% para 27,3% no período, e entre pessoas do sexo feminino este aumento foi de 12,7% para 15,2%. O gráfico abaixo apresenta os dados dos anos de 2021 e 2023, bem como as informações referentes a 2010. Quando se comparam os anos de 2010 e 2023, nota-se que houve um aumento significativo do consumo abusivo entre as mulheres, ao passo que, entre os homens, observa-se estabilidade. Esse aumento do consumo pelas mulheres reflete-se no aumento geral percebido ao longo do período, sendo ponto especial de atenção.
2 - Como está o relato de beber e dirigir pela população brasileira em 2023?
Observou-se um pequeno aumento do relato de beber e dirigir de 2021 para 2023, conforme apresentado no gráfico abaixo. Em termos gerais, a parcela da população que relatou beber e dirigir cresceu de 5,4% para 5,9%. Este aumento foi de 9,7% para 10,1% em pessoas do sexo masculino, e de 1,7% para 2,2% em pessoas do sexo feminino. As prevalências de 2023 continuam, todavia, sendo inferiores às de 2011, não contrariando a estabilidade observada ao longo da última década.
Porém, esses dados são um sinal de alerta que evidenciam poucas mudanças em relação ao comportamento de beber e dirigir da população ao longo dos 15 anos da Lei Seca. Ainda que tenha sido observada uma redução importante dos óbitos em acidentes de trânsito atribuíveis ao álcool de 2010 a 2021, essa estabilidade do relato de beber e dirigir salienta o íngreme processo de educação da população acerca da incompatibilidade entre o beber e dirigir.
Assim como nas edições de 2020 e 2021 do Vigitel, a atual publicação recomenda cautela na comparação dos dados, visto que houve uma concentração na coleta dos dados (dezembro/2022 a abril de 2023) e redução da amostragem. Além disso, a metodologia do Vigitel passará por um ajuste expressivo em sua versão de 2024, conforme alertado pelo Ministério da Saúde:
“O Vigitel 2023 será a última edição da publicação antes de passar por ajustes em sua metodologia para aperfeiçoar os dados e análises do inquérito. As principais mudanças a partir da próxima edição serão: a migração de entrevistas em sua maioria para celular, diminuindo ainda mais as ligações para telefone fixo; a inclusão de recorte raça/cor, com base nos dados populacionais do IBGE; e a ampliação do número de municípios, deixando de entrevistar moradores apenas de capitais, de forma a melhor representar a situação de cada Unidade da Federação”.
De um lado, dificulta-se ainda mais a comparação da série histórica. Por outro lado, esta dificuldade é mitigada pelo fato de que as mudanças são extremamente bem-vindas, dado que incorporam informações de extrema relevância para as análises de consumo abusivo de álcool, além de expandir a amostra e se adequar ao padrão de uso de tecnologias de comunicação da população brasileira, que utiliza majoritariamente telefones celulares.
*Vigitel é a sigla para “Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico”