Assim como a cerveja, o vinho tinto também pode levar a um aumento na pressão arterial Nos últimos anos, há um crescente reconhecimento da magnitude dos riscos de pressão arterial (PA) elevada. A PA elevada é um importante fator de risco para várias outras doenças cardiovasculares. Além das consequências como aumento da incidência de doença arterial coronariana, cerebrovascular e renal, a PA elevada é a principal causa de insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, doença valvares (aórtica e mitral), demência, entre outras1. Vários estudos identificaram uma associação entre altas quantidades de bebidas alcoólicas com maior prevalência e incidência de hipertensão. O álcool é uma substância com propriedades vasodilatadoras agudas. Contudo, o consumo agudo de álcool exerce um efeito “bifásico” sobre PA, promovendo uma diminuição da PA nas primeiras horas após a ingestão e um aumento da PA depois2. Homens e mulheres que consomem álcool de forma moderada a alta (mais de dois drinques para homens e um drinque para as mulheres) possuem maior risco de desenvolver hipertensão. Contudo, os mecanismos que envolvem os efeitos do álcool na PA ainda não foram elucidados2. Alguns consumidores de bebidas alcoólicas acreditam que os agentes antioxidantes presentes no vinho tinto podem agir contra as consequências do aumento da PA. A fim de estudar tal relação, uma pesquisa3 avaliou em uma amostra de 24 homens saudáveis, não tabagistas, com idade variando entre 30 e 65 anos e que faziam uso diário de bebidas alcoólicas. O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos do consumo regular de cerveja em comparação com vinho tinto ou vinho tinto sem álcool na função na PA. Vale ressaltar que todos os indivíduos apresentavam pressão sanguínea normal e não apresentavam histórico de problemas cardiovasculares. O experimento começou com uma abstinência de duas semanas seguidas por um mês de abstinência, ou de ingestão diária de 375 ml de vinho tinto, ou 375 ml de vinho tinto sem álcool ou de 1125 ml de cerveja. Todos os sujeitos foram monitorados durante os 4 meses do estudo. O consumo de cerveja esteve associado ao aumento da pressão arterial sistólica em 2,9 mmHg. Os indivíduos que ingeriram vinho tinto apresentaram um aumento na ordem de 1,9mmHg na pressão sistólica. A cerveja aumentou o batimento cardíaco em cinco batimentos por minuto e o vinho em 4 batimentos cardíacos por minuto. Estudos continuam mostrando uma relação entre o consumo de álcool e o risco de PA elevada. Os bebedores habituais, excessivos ou que praticam binge drinking apresentam maiores chances de PA elevada quando comparados aos abstêmios4. Desta forma, a redução do consumo excessivo de álcool deve ser incentivada, assim como outros fatores de comportamento modificáveis na população em geral, como estilo de vida mais saudável (alimentação saudável, prática de atividade física etc.), principalmente em indivíduos com maior risco de desenvolvimento de hipertensão. Veja também Consumo nocivo de álcool e pressão alta